Furacão Harvey provoca falta de produto químico crucial nos EUA
(Bloomberg) -- Poucos norte-americanos se preocupam com o etileno. Muitos provavelmente nunca nem ouviram falar dele.
Mas a verdade é que esse gás incolor e inflamável talvez seja o produto petroquímico mais importante do planeta -- e boa parte dele vem da Costa do Golfo, atingida por um furacão. O etileno é uma das grandes razões pelas quais o dano causado pelo furacão Harvey nas comunidades químicas localizadas ao longo do Golfo do México provavelmente afetará a fabricação de itens essenciais nos EUA, de jarras de leite a colchões.
"O etileno definitivamente é o principal produto petroquímico e afeta toda a indústria", disse Chirag Kothari, analista da consultoria Nexant.
O Texas sozinho produz quase três quartos da oferta do país de um dos mais básicos blocos de construção químicos. O etileno serve de base para a fabricação de plásticos essenciais para produtos de consumo e industriais dos EUA, compondo desde as peças automotivas usadas por Detroit até as fraldas vendidas pelo Wal-Mart.
Como as inundações provocadas pelo furacão Harvey fecharam quase todas as fábricas do estado, 61 por cento da capacidade de produção de etileno dos EUA foi desativada, segundo a PetroChemWire. A produção pode continuar abaixo dos níveis anteriores à tempestade até novembro, segundo o Jefferies.
O etileno ocorre naturalmente -- é o gás liberado pelas frutas ao amadurecer. Mas também é peça central da indústria química global, de US$ 3,5 trilhões, com uma produção fabril de 146 milhões de toneladas no ano passado, disse Kothari, na quinta-feira.
As usinas de processamento transformam o produto químico em polietileno, o plástico mais comum do mundo, usado em sacos de lixo e embalagens de alimentos. Quando transformado em etilenoglicol, é o anticongelante que impede que motores e asas de aviões congelem no inverno, e se transforma no poliéster usado em têxteis e garrafas de água.
O etileno é um ingrediente dos produtos de vinil, como os tubos de PVC usados para o abastecimento de água às residências, dispositivos médicos que salvam vidas e solas acolchoadas de tênis. Ele ajuda a combater o aquecimento global com espumas de poliestireno para isolamento e peças automotivas de plástico mais leves, que geram economia de combustível. O produto ajuda os passageiros a chegarem ao trabalho em segurança quando transformado na borracha sintética encontrada nos pneus. E é usado até como ingrediente de tintas para residências e do chiclete.
O homem fabrica esse produto químico a partir do petróleo ou do gás natural, depois o transforma em vapor aquecendo-o a 816 graus Celsius dentro de enormes fornos que quebram as ligações moleculares. O gás de etileno resultante é separado de coprodutos como o propileno e posteriormente canalizado para outras unidades de produção para ser transformado em um vasto leque de produtos.
O etileno e seus derivados representam cerca de 40 por cento das vendas globais de produtos químicos, disse Hassan Ahmed, analista da Alembic Global Advisors. Os EUA respondem por uma em cada cinco toneladas no mercado, e as fábricas de etileno internacionais estavam funcionando praticamente a pleno vapor para atender à demanda crescente antes do Harvey, disse ele.
--Com a colaboração de Lynn Doan
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.