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Argentina aposta em vacas com microchips para ampliar exportação

Jonathan Gilbert

04/09/2017 11h41

(Bloomberg) -- A tentativa da Argentina de acelerar suas exportações agrícolas está chegando a uma nova fronteira: vacas com microchips.

Pela primeira vez, o governo do país trabalhará para promover a tecnologia em um esforço para aumentar a rastreabilidade da oferta e tornar as exportações de carne mais atraentes para possíveis compradores dos EUA e da Ásia, segundo Jorge Dillon, presidente do serviço sanitário agrícola do país, o Senasa.

Atualmente os criadores utilizam etiquetas coloridas de orelha para monitorar o gado manualmente. Os microchips e o rastreamento digital que os acompanham eliminariam erros decorrentes do monitoramento da movimentação dos animais com papelada, disse Dillon em entrevista em Buenos Aires. A tecnologia pode abrir caminho para que a Argentina venda sua carne bovina até mesmo aos países que praticam os requisitos de importação mais rigorosos, disse ele. As exportações para os EUA estão proibidas desde 2001 devido a um surto de febre aftosa.

Países focados na exportação de carne bovina, como a Austrália, já passaram a usar o microchip em meio ao desejo maior da Ásia de rastrear o caminho da carne bovina desde a fazenda e à intensificação da preocupação mundial em relação à segurança alimentar, disse Glynn Tonsor, professor associado de economia agrícola da Universidade Estadual do Kansas, nos EUA, especialista em rastreabilidade.

A medida para impulsionar os microchips, que pode ser publicada no registro federal da Argentina já na semana que vem, reflete esforços mais amplos para abrir o setor de carne bovina da Argentina no governo do presidente Mauricio Macri. Ele tem se apoiado nos criadores para impulsionar uma recuperação econômica desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2015. Trata-se de uma mudança em relação ao caminho trilhado por sua antecessora, Cristina Kirchner, que se concentrou em políticas protecionistas. As produtoras de carne estavam entre as empresas mais afetadas no governo de Cristina, quando os impostos elevados sobre a exportação e os controles de preços internos sufocaram o setor.

Mercado dos EUA

Altos membros do governo argentino negociam há meses com seus pares dos EUA a retomada das exportações para o país. O progresso dessas negociações poderia acelerar o acesso a países da Ásia como Japão e Coreia do Sul, disse Dillon.

"Os EUA nos colocariam na vitrine para outros mercados muito exigentes", disse Dillon.

O sistema de microchips inicialmente será voluntário porque o custo seria elevado demais para os pequenos criadores, donos de menos de 100 cabeças de gado, disse Dillon.

Inspetores dos EUA visitaram matadouros argentinos em dezembro, mas as negociações não avançaram muito desde então. Dillon afirmou que as autoridades americanas solicitaram informações adicionais a respeito dos controles sanitários no país e que a Argentina respondeu há duas semanas. Se os inspetores ficarem satisfeitos com os esclarecimentos a aprovação poderia ser iminente, disse ele.