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Fúria de Harvey expõe vício mexicano de gás natural dos EUA

Ryan Collins

04/09/2017 14h19

(Bloomberg) -- O golpe violento que o furacão Harvey desferiu no setor de energia dos EUA revela o quanto o México se tornou dependente do gás natural do vizinho do norte.

A fúria da tempestade forçou o fechamento de gasodutos transfronteiriços no Texas e impediu que navios-petroleiros levassem carregamentos do combustível. Os mexicanos, que estão consumindo quantidades recorde do gás das prolíficas bacias de xisto dos EUA, tiveram que recuar, porque as importações caíram 16 por cento em um único dia após a passagem de Harvey antes de se recuperarem.

Desde que acabou com seu monopólio energético estatal há quatro anos, o México tem complementado a produção local de gás com remessas dos EUA. Contudo, à medida que os mercados de gás dos dois países se tornam mais entrelaçados, interrupções na oferta dos EUA ? seja por desastres naturais ou por mudanças políticas, como as ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de abandonar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês) ? podem levar o México a buscar alternativas à oferta americana.

"O México passou a depender mais do gás natural dos EUA e agora obtém mais de metade de sua oferta dos EUA", frente a 25 por cento em 2014, disse Jacob Fericy, analista da Bloomberg New Energy Finance, por e-mail na sexta-feira.

Antes de chegada de Harvey, a linha Tennessee Gas, da Kinder Morgan, fechou duas estações compressoras no sul do Texas e os funcionários foram evacuados, o que diminuiu a quantidade de combustível que acabaria chegando ao México. Uma estação continuava inativa na sexta-feira, e provavelmente as exportações de gás ao México só voltarão ao normal depois da primeira semana de setembro, disse Fericy.

Navios parados

Ao mesmo tempo, o terminal de Sabine Pass, da Cheniere Energy - a única usina que exporta gás natural liquefeito dos EUA - foi obrigado a frear as exportações porque o clima extremo tornou o embarque muito perigoso. A Sabine Pilots, que coordena a movimentação de navios perto do terminal, informou na sexta-feira que o tráfego poderia continuar parado por alguns dias.

Por causa dessas interrupções, a Petróleos Mexicanos, a petroleira estatal do México, pediu que os consumidores usem cerca de 10 por cento menos gás no fim de semana passado, segundo um porta-voz da empresa, que pediu anonimato por causa da política interna da empresa. Embora a Cenagas, que administra o armazenamento de gás e os gasodutos do México, tenha pedido aos clientes para reduzir a demanda, o sistema voltou à normalidade, disse Rosanety Barrios, diretora de transformação industrial do Ministério de Energia do México.

O apetite do México por gás natural crescerá ainda mais. A demanda do país pelo combustível aumentará cerca de 20 por cento entre 2015 e 2030, segundo o Ministério de Energia. O país planeja expandir sua infraestrutura de gasodutos em 75 por cento até o ano que vem, disse o Ministério.

--Com a colaboração de Amy Stillman e Adam Williams