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Bancos passam a vigiar mais funcionários após último escândalo

Hugh Son

05/09/2017 14h14

(Bloomberg) -- Os bancos que já usam algoritmos para monitorar os traders estão analisando como expandir a vigilância para abranger mais funcionários no rescaldo do escândalo do Wells Fargo.

As instituições perguntaram à International Business Machines se seria possível usar a tecnologia para monitorar também o pessoal de vendas do varejo, representantes de empréstimos e outros funcionários, de acordo com Marc Andrews, gerente da equipe de serviços financeiros Watson da empresa. Vários dos maiores bancos dos EUA, bem como alguns bancos regionais, estão testando o software, disse Andrews. Ele não quis identificá-los pelo nome.

A IBM treinou o Watson para coletar informações que poderiam ter ajudado a identificar problemas no Wells Fargo, que informou na semana passada que funcionários abriram até 3,5 milhões de contas-correntes e cartões de crédito falsos para clientes desavisados, mais do que sua estimativa original quando o escândalo eclodiu, no ano passado. O Watson procura padrões suspeitos de logon, níveis incomuns de produtos não utilizados ou contas com informações de contato incompatíveis ou notificações de e-mail desativadas, disse Andrews. O programa de inteligência artificial, que entende a linguagem humana, esquadrinha os e-mails dos funcionários em busca de tendências, como gerentes que pressionam trabalhadores a fazer vendas, disse ele.

Grande incidente

"Os bancos não vinham investindo tanto nessa área, até que houve um grande incidente no ano passado", disse Andrews, referindo-se ao escândalo do Wells Fargo. "Agora, eles sabem imediatamente se um caixa eletrônico estiver quebrado. Mas, se estiverem surgindo tendências, como muitas pessoas reclamando da abertura de uma conta de que não estavam cientes, quanto tempo demora para que isso chegue aos executivos?"

O abalo na reputação do Wells Fargo despertou o interesse em aumentar a vigilância. Os órgãos reguladores cobraram ao banco com sede em São Francisco US$ 185 milhões em multas devido às práticas de vendas. Após uma conflituosa audiência no Congresso, o CEO do banco saiu e a diretoria foi reformulada.

Ferramentas cada vez mais poderosas dão mais responsabilidade às empresas que as utilizam, de acordo com James Dempsey, diretor executivo da Berkeley Center for Law & Technology.

Falando da IA em geral, ele disse que essa tecnologia "claramente pode ser usada para aprimorar o compliance regulamentar e atender a objetivos sociais, como não roubar dos clientes, mas também pode servir de base para condutas problemáticas. Depende de como é usada e do ethos da corporação."

Watson

Em junho, a IBM lançou seu produto de vigilância de traders, que analisa correspondências, transações e histórico de desempenho para ajudar a descobrir o uso indevido de informações privilegiadas, conluios, fixação de preços e golpes de investimento pump-and-dump. Watson, empregando uma forma de IA conhecida como processamento de linguagem natural, pode inferir o tom de e-mails, bate-papos e até de conversas telefônicas, disse Andrews.

O sistema combina isso com os padrões de trading estabelecidos e o histórico de desempenho de um funcionário ? ele estava insatisfeito com seu último bônus, descontente por não ter sido promovido? ? para gerar alertas mais precisos, segundo Andrews.

No ano passado, a IBM comprou a Promontory Financial Group, empresa de consultoria fundada pelo ex-controlador da moeda dos EUA Eugene Ludwig, para ajudar a capacitar o Watson em regulamentação financeira. Além das ferramentas de vigilância, a empresa está vendendo aplicativos que ajudam os bancos a interpretar novas normas, identificar transações bancárias suspeitas ou proibidas e checar clientes.