Empresas promovem hidrogênio para armazenagem de energia
(Bloomberg) -- O segredo para transferir o sistema global de energia integralmente para fontes renováveis pode estar na substância mais abundante do universo.
O hidrogênio ganhou o apoio de grandes empresas do setor de energia como Royal Dutch Shell e Uniper, além das fabricantes de automóveis BMW e Audi. Elas estão respaldando pesquisas a respeito de como o elemento poderia ser usado para armazenar energia por semanas ou até meses além da capacidade das baterias de íons de lítio.
Apesar de o investimento do setor no hidrogênio ser pequeno, de apenas US$ 2,5 bilhões na última década, o trabalho oferece uma resposta à ardilosa pergunta a respeito de como a eletricidade pode ser guardada para uso no futuro. As baterias estão cada vez mais armazenando energia do dia para a noite, mas tendem a descarregar depois de algumas semanas. O hidrogênio pode ser mantido indefinidamente em tanques. Isso permitiria, por exemplo, que a energia coletada por meio de painéis solares no verão possa ser usada no inverno.
"O período de 2020 a 2030 será para o hidrogênio o que os anos 90 foram para a energia solar e eólica", disse Pierre-Etienne Franc, vice-presidente de negócios e tecnologias avançadas da empresa francesa de gás industrial Air Liquide e presidente do Conselho do Hidrogênio, associação do setor que promove o trabalho. "Trata-se de uma mudança realmente estratégica."
A tecnologia para uso do hidrogênio para armazenamento de energia é bem conhecida, embora ainda não tenha sido comprovada em ambiente comercial.
A energia excedente do vento ou de painéis fotovoltaicos impulsionaria a eletrólise, separando a água em hidrogênio e oxigênio, elementos que a compõem. O hidrogênio captado por meio desse processo poderia, quando necessário, alimentar usinas de energia de gás natural ou células de combustível para produzir eletricidade. Plantas industriais como refinarias de petróleo também podem usar hidrogênio para processos químicos.
Até o momento o setor de energia tem se concentrado principalmente no potencial do hidrogênio para células de combustível, que usam o elemento em uma reação química para gerar eletricidade. No tocante ao armazenamento de energia, a maior parte do dinheiro está sendo destinada a baterias como as células de íons de lítio, amplamente utilizadas em telefones celulares e computadores portáteis. Mas elas tendem a perder sua carga quando não são carregadas e descarregadas com frequência.
O armazenamento com hidrogênio é atraente porque preserva energia para períodos mais longos. A única alternativa real no momento é o bombeamento de água até um reservatório no topo de uma colina, onde pode ser represada até que os gestores da rede estejam prontos para deixá-la passar pelas turbinas hidrelétricas. O chamado armazenamento bombeado requer a geografia certa.
Se puder ser usado para armazenar energia a um custo suficientemente baixo, o hidrogênio permitirá que as empresas de eletricidade reduzam o uso de usinas movidas a combustíveis fósseis, facilitando o gerenciamento pela rede dos fluxos de energia intermitentes dos parques eólicos e solares. Por exemplo, foram perdidos cerca de US$ 3,4 bilhões em receitas na China no ano passado porque os parques eólicos foram obrigados a permanecer ociosos devido ao congestionamento das linhas elétricas.
"Se for alcançado 100 por cento de energias renováveis, o hidrogênio poderá desempenhar um papel importante", disse Claire Curry, analista da Bloomberg New Energy Finance. "Seria possível ter usinas de gás natural, mas é claro que elas não seriam 100 por cento limpas."
O trabalho com o hidrogênio está em sua infância, mas o apoio está crescendo entre as grandes empresas. O Conselho do Hidrogênio foi formado no último Fórum Econômico Mundial em Davos por 17 grandes empresas que buscam formas de integrar o gás a sistemas de energia mais limpos. Entre as integrantes estão Shell, Total, Engie, Toyota Motor, Bayerische Motoren Werke, Audi e a fornecedora japonesa de gás industrial Iwatani. A General Motors está em processo de adesão.
--Com a colaboração de Chisaki Watanabe Brian Parkin e Tino Andresen
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