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Glaxo e Sanofi entram na corrida por terapias contra o câncer

James Paton

08/09/2017 09h51

(Bloomberg) -- A GlaxoSmithKline e a Sanofi, duas farmacêuticas deixadas de lado na última onda de descobertas sobre o câncer, planejam retornar ao campo.

Ambas as empresas afirmam possuir terapias não divulgadas em seus laboratórios que poderiam fazer a diferença no crescente campo de medicamentos contra o câncer conhecido como imunoterapia. Um medicamento experimental da Glaxo que mira uma proteína chamada BCMA poderia ser concluído em três anos e se transformar em sucesso de vendas, disse Axel Hoos, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento em oncologia.

Alguns contratempos -- como restrições regulatórias aplicadas nesta semana e o fracasso de duas terapias da AstraZeneca em um teste importante, em julho -- sugerem que a ordem de dominância no campo ainda pode mudar, o que daria uma chance aos retardatários. Uma terapia testada pela Sanofi pode ajudar a explorar um segmento do mercado de tratamentos de câncer sanguíneo que pode valer até US$ 8 bilhões e colocá-la logo atrás da Johnson & Johnson, disse Bill Sibold, vice-presidente-executivo da unidade Genzyme da empresa.

"Alguém poderia dizer que estamos atrasados", disse Sibold, em entrevista, nos escritórios da Sanofi, nos arredores de Boston, na semana passada. "Sim, estamos atrasados. Mas há dois na disputa e nós somos o segundo. Estamos no início da imuno-oncologia e é difícil declarar o vencedor a esta altura."

Arranhão na superfície

Os órgãos reguladores do setor de medicamentos dos EUA interromperam só nesta semana os estudos com medicamentos de imunoterapia da Celgene, que estavam sendo testados em combinação com o Imfinzi, da AstraZeneca, para alguns tipos de câncer sanguíneo, após relatos de óbitos em testes da Merck & Co. para uma terapia similar.

Uma paralisação clínica parcial foi aplicada também aos testes do Tecingriq, da Roche, e do Opdivo, da Bristol-Myers Squibb, para mieloma múltiplo -- um câncer visado por Glaxo e Sanofi. Os medicamentos que geraram preocupação fazem parte de uma classe que mira proteínas conhecidas como PD-1 ou PD-L1.

"Nós realmente arranhamos a superfície com a imuno-oncologia", disse Hoos, em entrevista na semana passada, na planta de pesquisa da empresa, perto da Filadélfia. "O PD-1 parece ser realmente grande, mas não resolverá todos os nossos problemas. Por isso, a próxima onda que virá mudará o panorama novamente e de forma bastante substancial."

Há dois anos a maior empresa farmacêutica do Reino Unido recuou em relação ao câncer ao vender seu rol de medicamentos oncológicos para a rival Novartis por US$ 16 bilhões como parte de uma troca de ativos mais ampla. A empresa manteve o que estava em fase inicial de produção.

A Glaxo não se arrepende, disse Hoos, que supervisionou o desenvolvimento do Yervoy, da Bristol-Myers Squibb, a imunoterapia aprovada em 2011. A empresa britânica foi "muito bem paga" por esses ativos e começou a reconstruir seu setor de oncologia com foco no desenvolvimento da próxima geração de inovações, disse ele.

A principal droga experimental da empresa no momento "pode nos colocar de volta no ramo de oncologia com uma proposta comercialmente atraente e virão outras depois disso", disse Hoos.

Na sexta-feira, a Sanofi e a parceira Regeneron Pharmaceuticals informaram que seu tratamento experimental cemiplimab, testado em certos tipos de câncer de pele, foi classificado como terapia inovadora pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês). A designação serve para acelerar o desenvolvimento e a revisão de medicamentos que visam a uma condição séria ou possivelmente fatal.