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UBS vê 2018 turbulento para bancos com a chegada de MiFID

Erik Schatzker e Patrick Winters

13/09/2017 14h42

(Bloomberg) -- O UBS Group acredita que os lucros dos bancos serão pressionados quando começarem a cobrar pelas pesquisas que distribuem. A prática precisa ser adotada após a entrada em vigor de novas regulamentações na Europa. A legislação vai perturbar um modelo de negócios com décadas de existência e já desencadeou uma corrida entre as instituições financeiras para ver quem oferece as pesquisas mais baratas.

"Será desafiador e será turbulento", disse Andrea Orcel, comandante da divisão de banco de investimento do UBS, em entrevista à Bloomberg Television, se referindo à implementação da Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros (conhecida pela sigla MiFID II). "Todo mundo fez simulações, mas não acho que ninguém, seja banco de investimento ou cliente, tem certeza do que está fazendo."

MiFID II já abala bancos e gestoras de recursos que tentam definir o preço de pesquisas que antes eram empacotadas com outros serviços. O plano da União Europeia é garantir que as instituições atendam melhor aos interesses de seus clientes e não sejam induzidas por análises gratuitas.

Enquanto os bancos tentam descobrir o quanto o mercado está disposto a pagar, as gestoras de recursos - que não estão acostumadas a pagar por estudos - agora investigam o que realmente precisam em termos de pesquisas.

Orcel equiparou o modelo do banco de precificação de pesquisas ao de uma operadora de telefonia que gera a maior parte da receita com dados e serviços mais caros, que são somados à conta básica do assinante. Segundo ele, o UBS pretende definir preços em torno de um pacote básico de pesquisas que provavelmente custará "milhares ou dezenas de milhares" de dólares e depois cobrar adicionalmente por serviços de valor agregado, como acesso aos analistas da casa.

Variações enormes

Até agora, as variações no mercado são enormes. O JPMorgan Chase propõe uma anuidade de US$ 10.000 somente para leitura de pesquisas sobre ações. É menos do que a anuidade de 30.000 libras esterlinas (US$ 39.000) que o Barclays pede por um pacote similar. Já o próprio UBS deve propor aproximadamente US$ 40.000, de acordo com pessoas a par do assunto. O pacote premium de renda variável com acesso pleno no Barclays custaria 350.000 libras (US$ 450.000).

Os esforços de reestruturação de Orcel desde 2012 garantiram uma lucratividade mais regular e podem ajudar a maior gestora de patrimônio do mundo a lidar com ameaças como MiFID. O UBS reduziu o negócio para focar em receitas geradas a partir da gestão de patrimônio, que são mais estáveis. Assim, Orcel agora comanda uma unidade mais enxuta dedicada a assessoria de transações, renda variável e pesquisa. No ano passado, a unidade foi responsável por pouco mais de um quarto da receita líquida e 16 por cento do lucro antes dos impostos do UBS.

Com boa parte da reestruturação já resolvida, Orcel e colegas resistem à tentação de diminuir preços para ganhar clientela porque, em última instância, isso não ajudaria o lucro do banco e poderia reverter as economias de custos conquistadas até agora.

"A maioria das coisas que estão crescendo hoje são coisas sobre as quais não sentimos capacidade para liderar ou que poderíamos liderar, mas não são lucrativas o bastante", disse Orcel, identificando a corretagem para clientes institucionais como área na qual a instituição poderia ampliar sua fatia de mercado. "Então devo expandir nesses segmentos? Haveria uma boa tendência na receita por algum tempo, mas os lucros sofreriam as consequências."