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Negócio da guerra está em expansão no Leste Europeu

Slav Okov e Elizabeth Konstantinova

14/09/2017 12h23

(Bloomberg) -- Os exportadores de armas do Leste Europeu estão capitalizando os anos de turbulência no Oriente Médio.

Fabricantes de balas, rifles de assalto e mísseis guiados de países como Bulgária e República Checa viram a demanda crescer em meio a conflitos que varreram a região após a Primavera Árabe. Além de venderem armas a países ativamente envolvidos em combates, como Iraque e Arábia Saudita, eles também fecharam acordos com os EUA e outros terceiros.

"A ampliação da venda de armas ao Oriente Médio parece coincidir com a escalada geral do conflito armado na região", disse Lucas dos Santos, chefe de risco de país para a Europa da BMI Research, por e-mail. "O pior pode ter ficado para trás, mas os pequenos conflitos continuarão durante algum tempo. Sendo assim, a demanda deverá continuar tendo bastante respaldo."

A antiga Europa comunista continua presa a cadeias de abastecimento militares que remontam à União Soviética, geralmente tendo governos do Oriente Médio como clientes. Isso tem ajudado a região a superar o crescimento global das vendas de armas e equipamentos militares, que atingiu 8,4 por cento entre 2012 e 2016, maior salto em um período de cinco anos desde 1990, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo.

As exportações de armas constituem uma pequena parcela do produto interno bruto -- apenas 2 por cento na Bulgária, e essa é a maior proporção na região --, mas ajudaram a apoiar o crescimento em meio ao mal-estar dos últimos anos em mercados mais tradicionais da zona do euro. A história é diferente na vizinha Rússia, que dava as cartas no Bloco do Leste e atualmente é a segunda maior exportadora de armas do mundo depois dos EUA.

Além de desempenhar um papel decisivo na guerra da Síria, o governo do presidente Vladimir Putin atingiu vendas de US$ 15 bilhões no ano passado e neste mês fechou um acordo para fornecimento de mísseis de defesa aérea à Turquia. Esse contrato, por si só, pode valer US$ 2,5 bilhões. Os antigos satélites de Moscou vêm logo atrás.