Argentina plantará menos soja devido a lucro maior com milho
(Bloomberg) -- Em meio à colheita de mais uma safra de soja dos EUA, o mercado volta as atenções para o Hemisfério Sul, mais precisamente para a Argentina, onde os produtores estão reduzindo o plantio.
O país sul-americano é o terceiro maior produtor de soja do mundo e o principal exportador de farelo de soja, usado como ração animal. Como o milho atualmente oferece mais lucro e as fazendas estão sendo castigadas pelas chuvas apenas algumas semanas antes do início da temporada, a Argentina se prepara para uma semeadura menor do grão pelo segundo ano consecutivo, segundo estimativas de analistas.
Qualquer queda no plantio será acompanhada com atenção pelos traders e por outros países produtores em meio a preços baixos e estoques globais em alta recorde.
Os produtores argentinos estão optando pelo milho porque o governo eliminou um imposto à exportação do grão em dezembro de 2015. As exportações de soja ainda são tributadas em 30 por cento. Haverá uma redução gradual do imposto a partir de janeiro.
A área semeada com soja na Argentina poderá cair para 19 milhões de hectares, contra cerca de 19,5 milhões na temporada passada, disse Pablo Adreani, diretor da consultoria agrícola AgriPac. A visão dele está próxima da descrita em relatório de 1ode setembro por economistas da Bolsa de Rosário, que projetaram declínio de 2 por cento na comparação ano a ano, para 18,7 milhões de hectares. As "margens líquidas [do milho] melhoraram notavelmente", disseram.
Esta seria a primeira redução no plantio em dois anos seguidos desde o início dos registros da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em 2000. A bolsa publicará sua primeira estimativa para a nova safra em 27 de setembro. O plantio de soja na Argentina geralmente começa no fim de outubro.
O clima não está ajudando muito os produtores. No último fim de semana foram registrados 13 centímetros de chuvas nas províncias de Buenos Aires, La Pampa e Entre Ríos, segundo o governo. A precipitação acima da média em outubro e novembro atrasará o plantio, afirmou a MDA Weather Services no início da semana.
Pelo menos 650.000 hectares de fazendas de soja inundadas na região dos pampas correm o risco de ficar sem plantio, disse Esteban Copati, responsável pelas estimativas na Bolsa de Cereais de Buenos Aires. A redução global do plantio pode ser menor que a esperada se os campos secarem nas próximas semanas, disse. Mas Copati ainda prevê, mesmo se as condições melhorarem, uma redução para 19,2 milhões de hectares devido à opção dos produtores pelo milho.
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