Irma pode causar estragos em projeto ecológico na Flórida
(Bloomberg) -- Durante duas décadas, Steve Davis dedicou a vida a salvar os Everglades, na Flórida.
Davis, um ecologista de pântanos que trabalha com a Everglades Foundation, participa de uma iniciativa para recuperar o estado natural de milhares de hectares de pântanos e mangues. A iniciativa, que consiste em quase seis dúzias de projetos, com um custo estimado em US$ 16 bilhões, é uma das maiores restaurações ambientais da história.
O plano foi aprovado pelo Congresso dos EUA em 2000. Mas as obras avançam de forma intermitente - mais de US$ 2 bilhões foram gastos até agora - e, na semana passada, Davis estava ansioso para saber se os fortes ventos e enchentes provocados pelo furacão Irma tinham revertido os progressos já realizados. Ele convenceu um piloto a sobrevoar a região para analisar os estragos.
"Dava para sentir o cheiro da deterioração daquela altitude", disse Davis em entrevista. Podia-se ver que grandes faixas de ervas marinhas, fundamentais para manter a qualidade da água e o habitat dos peixes, estavam mortas e boiando na água. O vento tinha arrancado as folhas das árvores dos mangues.
Contudo, nem todas as notícias foram más. A enorme quantidade de água de chuva deixada pela tempestade que agora fluía pela área poderia estar ajudando a afastar a água salgada dos delicados estuários da região. Tempestades anteriores, como o furacão Wilma em 2005, depositaram solos ricos em nutrientes.
"Acho que isso pode trazer benefícios", disse Davis.
Lar da esquiva pantera da Flórida, de crocodilos, de peixes-boi e dos famosos flamingos cor-de-rosa do estado, os Everglades abrangem grande parte do extremo sul da Flórida e foram declarados Patrimônio da Humanidade. Décadas de projetos imobiliários e agricultura puseram em perigo o chamado "rio de relva". A mudança climática elevou o nível do mar e o ameaça com um fluxo de água salgada e enchentes mais altas provocadas por tempestades.
Desde que o Irma passou por Florida Keys e pelo litoral oeste do estado, autoridades federais têm tido dificuldades para chegar até o Parque Nacional Everglades, de mais de 600.000 hectares, e avaliar o estrago. Blecautes, falta de internet e árvores que bloqueiam a principal via de acesso mantêm o parque fechado e, em grande parte, isolado. Durante dias nem sequer foi possível entrar em contato com os funcionários dentro do parque.
"A tempestade passou e agora estamos avaliando os estragos no parque", informava um alerta no site do Serviço de Parques Nacionais. "Não é seguro reingressar no momento."
Possíveis estragos
"Desconfio que sem dúvida houve estragos", disse Diana Umpierre, representante da Everglades Restoration Campaign do Sierra Club. Um amigo lhe disse que a água levou os ninhos e ovos de várias espécies ameaçadas de tartarugas.
As enchentes provocadas pela tempestade podem ter trazido muita água salgada e erodido o solo - uma commodity valiosa no combate à alta dos níveis da água, disse Evelyn Gaiser, ecologista da Florida International University.
"Os Everglades já passaram por esse tipo de distúrbios e se recuperaram", disse Davis. "Além de uma paisagem bonita, eles também são uma defesa formidável."
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