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Holanda tem maior crescimento da década com governo interino

Ellen Proper

19/09/2017 14h46

(Bloomberg) -- A locomotiva econômica holandesa avança a pleno vapor, com ou sem governo.

O governo interino do primeiro-ministro Mark Rutte divulgou o orçamento para 2018 nesta terça-feira, em um momento em que o país cresce ao ritmo mais rápido em uma década.

Com um novo governo ainda a ser formado, mais de 185 dias após as eleições gerais holandesas, em março -- o segundo maior período desde a Segunda Guerra Mundial --, muitos veem o forte desempenho como um indicativo de que os sistemas implementados após a crise da dívida europeia, em 2008, estão ajudando a proteger o país dos caprichos dos eventos internacionais e da incerteza política doméstica.

"Faz muita diferença que tenhamos um governo interino? Não, honestamente não", afirmou a economista-chefe da ING Groep, Marieke Blom. "Por enquanto, a economia está em boa forma. Existem coisas que podem ser melhoradas, mas a verdade é que não creio que sejam muito urgentes."

As preocupações comerciais após a eleição de Donald Trump nos EUA, o referendo do Brexit no Reino Unido e a incerteza em relação à votação na França pouco afetaram a economia holandesa, que cresceu 1,5 por cento no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, superando as estimativas dos economistas. ING, ABN Amro Group e Rabobank elevaram suas projeções de crescimento para o ano e esperam uma expansão de mais de 3 por cento.

Se os três maiores bancos holandeses estiverem certos, o crescimento econômico da Holanda neste ano seria maior do que o da França, da Itália, da Espanha, da Alemanha e da zona do euro como um todo, segundo as projeções coletadas pela Bloomberg.

"Após alguns anos difíceis temos uma economia próspera e uma reserva saudável", disse o rei Guilherme Alexandre, em discurso em Haia, acrescentando que o país está em posição muito melhor do que no início do segundo gabinete de Rutte, em 2012. O rei atribuiu a melhora da economia à "adaptabilidade, ao trabalho árduo e à resiliência do povo holandês".

Empresas prósperas

Enquanto os políticos têm dificuldades para encontrar pontos comuns, a locomotiva econômica da Holanda avança. O aumento da idade de aposentadoria e a redução dos benefícios de saúde ajudaram a colocar a Holanda à frente de outros países da União Europeia no que diz respeito à proteção da economia contra o envelhecimento populacional. O país precisa de mais reformas tributárias, mas "isto é algo para longo prazo", disse Blom.

Além disso, o estresse ao sistema gerado pela crise financeira diminuiu, disse Hans Schenk, professor de economia da Universidade de Utrecht.

"As instituições financeiras se recuperaram, um sinal importante para outras empresas de que podem ter confiança suficiente na economia para impulsionar os investimentos", disse ele.

O estado holandês, que nacionalizou as instituições financeiras durante a crise, reduziu neste ano sua participação no ABN Amro e vendeu sua participação na seguradora ASR Nederland NV.

Motores da economia holandesa, setores como tecnologia e ciências da saúde, com empresas como Royal Philips, NXP Semiconductors e Royal DSM, têm prosperado. Durante o verão, a Philips anunciou uma série de aquisições, incluindo a compra da Spectranetics por US$ 1,7 bilhão, sua terceira maior aquisição no setor de saúde.

--Com a colaboração de Joshua Robinson