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Pleno emprego nos EUA deixa pequenas empresas sem trabalhadores

Steve Matthews

25/09/2017 12h00

(Bloomberg) -- A Southeast Sealing perdeu quase um terço de seus quase 20 trabalhadores nos últimos 12 meses e a empresa não poderia ter feito muita coisa a respeito.

"Um dia eles chegam e dizem: 'Consegui outro emprego e não venho mais'", disse Mike Sullivan, 76, proprietário e presidente da companhia que instala revestimentos de piso, com sede em Conyers, um subúrbio de Atlanta, na Geórgia. "Acontece muito. E eles simplesmente não aparecem mais."

Assim como o setor fabril, as pequenas empresas têm um status quase mítico na política dos EUA e desde Ronald Reagan os presidentes enaltecem esse setor como motor da criação de emprego. Na verdade, as empresas pequenas ultrapassaram as maiores na taxa de crescimento da folha de pagamento alguns anos atrás. Mas agora que o mercado de trabalho dos EUA está se aproximando ou já alcançou o pleno emprego, as grandes empresas do país passaram a liderar esses ganhos --, em parte roubando trabalhadores das pequenas.

"A crescente escassez de mão de obra torna particularmente difícil que as pequenas empresas conservem os trabalhadores que têm, quanto mais contratar novos", disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics em West Chester, Pensilvânia. "O crescimento salarial nas pequenas empresas acelerou, o que indica que as empresas menores estão tentando competir."

Em agosto, as empresas dos EUA com pelo menos 500 funcionários adicionaram 115.000 empregos, mais do que o dobro dos 48.000 adicionados por empresas com 1 a 49 funcionários, de acordo com o Relatório Nacional de Emprego publicado pela ADP. As grandes empresas aumentaram o tamanho de sua força de trabalho em 2,8 por cento durante o período de 12 meses terminado em agosto e as pequenas empresas cresceram à metade desse ritmo.

Em contraste, durante o período entre 2012 e 2014, os pequenos empregadores cresceram ao mesmo ritmo e, ocasionalmente, mais rapidamente do que as grandes empresas.

As grandes empresas normalmente crescem com mais rapidez quando o desemprego está baixo e elas podem caçar trabalhadores de pequenos estabelecimentos com promessas de salário maior e mais benefícios, de acordo com pesquisas de Giuseppe Moscarini, professor de Economia da Universidade de Yale. A taxa de desemprego de 4,4 por cento em agosto, perto do piso em 16 anos, contrasta com um pico de 10 por cento em outubro de 2009, o mais alto desde o início dos anos 1980.

Os funcionários relutavam em abandonar os empregos depois da recessão de 2007-2009 e a taxa de transições agora está "subindo aos poucos", disse Moscarini. "Finalmente, está se aproximando de níveis que parecem normais", disse ele. "Parece que a escala de emprego voltou a funcionar normalmente."

As empresas maiores têm o know-how de marketing para atrair uma multidão de possíveis funcionários. A Amazon.com, a maior varejista on-line do mundo, atraiu filas de pessoas no início de agosto para empregos em depósitos em Baltimore e em outras cidades.

A taxa de trabalhadores que trocam de emprego voltou ao nível registrado antes do início da recessão em dezembro de 2007. A mudança de trabalho pode valer a pena: os que trocaram de emprego tiveram aumentos de 4 por cento em agosto, em comparação com 3 por cento dos que permaneceram nos empregos, de acordo com o indicador do crescimento salarial do Fed de Atlanta.

--Com a colaboração de Jordan Yadoo