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Sincronia de bitcoin e cobre mostra poder da especulação chinesa

Jack Farchy, Eddie van Der Walt e Mark Burton

26/09/2017 14h36

(Bloomberg) -- O cobre e o bitcoin obviamente não têm muito em comum.

O primeiro é um metal industrial usado em todo tipo de produto, desde chips de computador até encanamentos, e o segundo é uma criptomoeda "minerada" apenas no sentido virtual.

No entanto, ambos têm se movido praticamente em uníssono nos últimos dois meses. O bitcoin e o cobre subiram fortemente entre meados de julho e o início de setembro. E então o bitcoin caiu repentinamente quando os órgãos reguladores chineses decidiram reprimir a negociação de criptomoedas, ocasião em que o rali do cobre também se reverteu.

Em uma base de quatro semanas a correlação entre o metal e a criptomoeda atualmente é de mais de 0,95, o que mostra que os preços oscilaram quase de forma idêntica. A leitura iguala a observada entre o ouro e a prata e supera a correlação entre a Apple e o S&P 500.

Para explicar a sintonia quase perfeita entre os dois investimentos, os analistas estão recorrendo à China. O país representa cerca de metade da demanda global por metais industriais e as traders e investidoras do país estão se tornando cada vez mais dominantes no mercado. A mesma tendência agora pode ser vista nas criptomoedas.

"Boa parte da especulação dos metais vem da China e boa parte do interesse recente pela negociação de criptomoedas tem vindo da China", disse Matthew Turner, analista de metais da Macquarie Group em Londres. "Os fatores que impulsionam a especulação chinesa podem ter impacto tanto nos metais quanto nas moedas criptografadas."

A trajetória semelhante dos preços nos dois mercados demonstra a importância do sentimento chinês para ambos.

Charlie Morris, diretor de investimentos da Newscape Capital Advisors, disse que tem havido "um enorme interesse da China" no bitcoin.

"Houve uma enorme quantidade de apostas no bitcoin", disse ele. "A China obviamente é bastante forte neste espaço."

Os traders chineses, por sua vez, estão cada vez mais "estabelecendo o preço" dos metais industriais, afirmou o Macquarie em nota, no início do mês. O banco australiano afirma que o aumento das apostas otimistas no cobre na Comex, em Nova York, que atingiu uma alta recorde no início de setembro, provavelmente foi estimulado por investidores chineses.

"Curiosamente, ouvimos que a Comex vem se tornando cada vez mais popular entre os fundos chineses", afirmou o Macquarie.

De fato, alguns participantes do setor do cobre acreditam que o preço subiu demais -- mesmo após a queda de 6,6 por cento em relação ao maior patamar em três anos, de US$ 6.970 por tonelada, atingido em 5 de setembro. Iván Arriagada, CEO da produtora de cobre Antofagasta, sugeriu na segunda-feira que esperava novas quedas a curto prazo.

"Nossa perspectiva a médio e longo prazos é favorável, mas a curto prazo teremos volatilidade devido às condições de mercado relacionadas à economia chinesa", disse Arriagada, em Santiago.

--Com a colaboração de Laura Millan Lombrana