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Toyota investe em startups japonesas para criar carros-robô

Kevin Buckland e Ma Jie

26/09/2017 14h31

(Bloomberg) -- Para descobrir como fabricar carros autônomos, as startups têm vantagem em relação às grandes empresas, diz o cientista da computação Katsuya Uenoyama.

Pode parecer fanfarrice do cofundador de um empreendimento com apenas 30 funcionários que trabalha em um escritório pequeno em Tóquio, mas parece que a Toyota Motor concorda. Na semana passada, a fabricante de veículos investiu US$ 9,1 milhões na abertura de capital da empresa de Uenoyama, a PKSHA Technology (pronuncia-se "pak-xa"), que está desenvolvendo um software que algum dia poderia ajudar carros a aprender a conversar com os motoristas.

"As necessidades digitais do setor de fabricação se tornaram cada vez maiores, e é por isso que nós começamos a trabalhar com a Toyota", disse Uenoyama, de 35 anos, em entrevista recente em seu escritório, perto da Universidade de Tóquio, onde ele fez doutorado sobre aprendizagem de máquinas.

O investimento da Toyota na PKSHA e em outra startup de Tóquio chamada Preferred Networks chega em um momento em que o software começa a disputar com o motor o título de peça mais importante do carro, e as fabricantes de veículos concorrem com nomes como Google na fabricação de veículos que possam andar sozinhos. O mercado do know-how em inteligência artificial está tão badalado que empresas pequenas, às vezes sem nenhum produto, estão atraindo investimentos de corporações gigantescas que simplesmente querem ter acesso a programadores e a suas últimas pesquisas.

Nova atitude

Famosa por se orgulhar em fazer tudo sozinha, a maior fabricante de veículos do Japão ficou mais aberta a colaborar desde a posse de Akio Toyoda em 2009. Uma aliança com a Tesla fracassou, supostamente pelo choque cultural, mas neste ano a fabricante decidiu estabelecer uma parceria com a Suzuki Motor, para produzir coisas como tecnologia para veículos elétricos, e construir uma fábrica nos EUA com a Mazda Motor. Em junho, Toyoda disse aos acionistas que a empresa fundada por seu avô há quase 80 anos estava avaliando todas as opções, inclusive fusões e aquisições, para se tornar mais competitiva.

Contudo, na corrida pelos carros autônomos, a Toyota parece ter ficado para trás. A General Motors, que no ano passado gastou US$ 581 milhões para comprar a Cruise Automation, startup com sede em São Francisco, afirma que já tem um carro autônomo pronto para a produção em massa. A Tesla promete fazer uma viagem de Los Angeles até Nova York com um carro que poderá andar pelas ruas das cidades e até mesmo estacionar só com piloto automático por volta do fim do ano.

A Toyota está se preparando para 2020, mas com uma meta mais conservadora: ter veículos que dirigem sozinhos em estradas, onde essa ação é menos exigente.

Na PKSHA, Uenoyama não quis dar muitos detalhes sobre as pesquisas da empresa, mas disse que a Toyota está particularmente interessada em sua tecnologia de reconhecimento de voz, que ganhará importância à medida que a direção se tornar algo do passado e a fala se transformar no principal método de interação entre o motorista e o veículo.

Uma porta-voz da fabricante de carros, Akiko Kita, disse que a Toyota fez o investimento por causa das "tecnologias extremamente avançadas de processamento de linguagem natural e reconhecimento de imagens" da PKSHA.

--Com a colaboração de Nao Sano e Pavel Alpeyev