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Bancos podem sair de Londres apesar de proposta de transição

Gavin Finch

28/09/2017 11h46

(Bloomberg) -- Grandes bancos de investimento com sede europeia em Londres estão seguindo adiante com planos de criar novos centros de negociação de instrumentos financeiros em outros locais, preparando-se para o Brexit apesar da promessa do governo britânico de que conseguirá um período de transição de dois anos após março de 2019. As informações foram transmitidas por pessoas a par dos planos.

Essas instituições, que empregam milhares de pessoas no Reino Unido e conseguem operar apenas com escritórios "satélites" no continente, não têm certeza de que a proposta da primeira-ministra Theresa May sobre uma fase de implementação resultará em acordo oficial com a União Europeia, segundo as fontes. Esperar esse acordo sairia caro porque leva pelo menos 18 meses para estabelecer uma subsidiária com todas as devidas licenças dentro do bloco, disseram as pessoas.

As conversas sobre como ficará a negociação de ativos financeiros não avançam há meses. Alguns bancos já solicitaram licenças a autoridades da UE, alugaram escritórios e logo começarão a retirar funcionários de Londres. O Bank of America acaba de consolidar seu plano para a saída do Reino Unido do bloco. A instituição negocia um contrato de locação de espaço comercial no centro de Paris e pretende transferir para lá aproximadamente 300 profissionais, segundo informações passadas à Bloomberg no início da semana.

Se a primeira-ministra britânica tivesse defendido uma transição desde o início, o quadro seria mais fácil, mas como a maioria dos bancos já está executando planos de contingência, a proposta atrasada dela não muda nada, disse uma das pessoas. Segundo essa fonte, ela fez pouco e tarde.

"Nosso setor e, acho eu, a economia como um todo, não podem esperar por processos que nunca terminam para saber a direção do futuro", declarou na terça-feira o presidente do UBS Group, Sergio Ermotti, durante uma conferência de bancos em Milão organizada pela Bloomberg. "As pessoas já estão repensando sobre como ter cobertura, fazer suas funções e atender aos clientes."

Diante das divisões internas em seu partido, não está claro que o acordo de transição que May de fato tentará emplacar será politicamente aceitável para a UE, segundo uma das pessoas. O ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, afirmou na terça-feira que não espera que o Reino Unido fique sujeito às leis da UE sobre livre movimento de pessoas quando sair do bloco em 2019, contrariando o que May disse dias antes, segundo o jornal The Guardian.

Londres pode perder 10.000 postos de trabalho no setor bancário e 20.000 na área de serviços financeiros e os clientes devem retirar 1,8 trilhão de euros (US$ 2,1 trilhões) em ativos do Reino Unido após o Brexit, segundo o instituto de pesquisas Bruegel.