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Sharp quer monetizar patentes e focar em TVs ultra HD

Susan Decker

04/10/2017 14h02

(Bloomberg) -- A batalha legal da Sharp com a Hisense Electric nos EUA marca o início de uma nova campanha agressiva da empresa japonesa de eletrônicos para conseguir royalties para suas patentes em um momento em que a empresa se concentra em televisores de ultra-alta resolução e em dispositivos "smart home".

A Sharp, que tem sede em Osaka, planeja ser mais enérgica ao exigir royalties de patentes e poderá inclusive começar a entrar com ações judiciais contra aqueles que forem descobertos usando invenções da Sharp sem permissão, disse um executivo da empresa em entrevista.

"Os dispositivos estão se tornando mais sofisticados, complexos e interconectados, por isso os desenvolvedores de aparelhos vão precisar realmente prestar mais atenção em quais patentes há no mercado", disse Rey Roque, vice-presidente de desenvolvimento de negócios estratégicos da Sharp Electronics em Santa Ana, Califórnia. "Vocês nos verão afirmando nossos direitos -- não tenho como dizer neste momento se isso levará ou não a mais litígios."

O principal processo por patentes da Sharp até o momento foi contra a Hisense, relacionada a televisores com Wi-Fi. Na semana passada, a Comissão de Comércio Internacional dos EUA decidiu investigar a queixa de que a Hisense estaria violando patentes da Sharp.

A Hisense contesta a alegação de violação de patente em um processo que pode levar à proibição das importações de alguns de seus televisores pelos EUA. A empresa apresentou documentos legais nos quais culpa a Foxconn Technology pela nova iniciativa da Sharp. A Foxconn adquiriu uma participação controladora na Sharp em agosto de 2016, transformando a fabricante de eletrônicos em uma empresa rentável.

Em 2015 a Hisense assinou acordo para assumir o controle da unidade de fabricação da Sharp no México e obter os direitos de venda de televisores sob a marca Sharp nos EUA. A Sharp entrou com ação judicial acusando a Hisense de vender produtos de baixa qualidade com o nome Sharp.

"Após a aquisição, a Sharp e seu novo dono tiveram dúvidas quanto à renúncia à marca Sharp no mercado norte-americano e deram início a um esforço multifacetado para recuperar ou minar os direitos adquiridos pela Hisense", afirmou a Hisense, em declaração de 13 de setembro à agência de comércio dos EUA.

Roque preferiu não informar detalhes sobre a briga com a Hisense, mas afirmou que a empresa analisaria o litígio em uma "base caso a caso". A empresa de eletrônicos japonesa licencia suas patentes a "líderes do setor", disse Roque, sem identificar as empresas.

O mercado de eletrônicos está cada vez mais tenso porque as empresas estão tentando proteger suas margens de lucro em um momento em que os consumidores exigem preços mais baixos. Isso pode gerar esforços para reduzir a quantidade de pagamentos de royalties sobre componentes ou recursos.

"No passado, um rádio era um rádio e um televisor era um televisor", disse Roque. "Com as melhorias tecnológicas, eles estão se tornando mais interconectados e fazem parte de ecossistemas maiores."