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Bilionário egípcio se diz desencorajado em investir na Oi

Daniele Lepido

05/10/2017 11h59

(Bloomberg) -- O bilionário egípcio Naguib Sawiris, que estava interessado em investir na Oi, afirma que perdeu interesse na empresa devido à má administração e às brigas internas na operadora de telefonia celular brasileira, que está em processo de recuperação judicial.

Sawiris teria poder de fogo para adquirir uma participação na operadora e ainda poderia fazê-lo, embora a compra agora seja improvável, afirmou, em entrevista, na quinta-feira, em Capri, na Itália. Sawiris, que detém participação majoritária na empresa egípcia Orascom Telecom Media and Technology Holding, disse que se decepcionou com o comportamento das partes interessadas, que perderam tempo em sua busca por uma solução para salvar a Oi. A empresa pediu recuperação judicial no ano passado e acumula US$ 19 bilhões em dívidas.

"A empresa perdeu valor devido à falta de investimentos, à falta de uma boa gestão e à falta de mudanças estruturais -- e para um investidor individual, isso é ruim", disse Sawiris.

Ele criticou Nelson Tanure, o segundo maior acionista da Oi com representantes no conselho, por ter batido de frente com os executivos em relação à forma de avançar. "Tanure não tem nenhum conhecimento sobre o setor de telecomunicações -- eu o vejo como um especulador corporativo interessado apenas em ganhar dinheiro, sem prestar atenção nos elementos do negócio", acrescentou Sawiris.

No ano passado, Sawiris manifestou interesse em investir na Oi, afirmando que a operadora teria um "grande potencial" quando sua dívida fosse reestruturada e a empresa recebesse um aumento de capital e tivesse um forte plano industrial. Sawiris afirmou na ocasião que estava pronto para investir se tivesse exclusividade nas negociações.

Os impasses entre credores e acionistas da Oi e entre a diretoria e os integrantes do conselho aumentam as chances de que o governo intervenha na endividada operadora de telefonia, disse o presidente da empresa, Marco Schroeder, nesta semana. Apesar do impasse entre as várias partes diante da complexidade da reestruturação da dívida da operadora brasileira, Schroeder acredita que ainda não chegou o momento de o governo intervir. Mas reconhece que o maratônico processo de recuperação judicial está irritando os órgãos reguladores, que querem garantir a confiabilidade das redes de telefonia do País.

O maior caso de falência da história do Brasil virou uma verdadeira novela desde que a Oi, que tem sede no Rio de Janeiro, entrou com pedido de recuperação judicial, em junho de 2016. Detentores de dívidas e acionistas não conseguem chegar a um acordo quanto à fatia da empresa que ficará com os credores nem quanto ao montante de novos investimentos de que a Oi precisa para voltar a ser uma empresa viável.

Sawiris também comentou sobre a Coreia do Norte, já que a Orascom mantém participação na operadora de telefonia Koryolink. "A verdadeira dúvida é se o mundo aceitará a Coreia do Norte como potência nuclear ou não, e eu pessoalmente acho que deveria aceitar, pelo simples fato de que o país está cercado por potências nucleares."