Amazon ainda não conquistou o mundo, mas está tentando: Gadfly
(Bloomberg) -- Sem dúvida, este foi um ano de pico para a paranoia em relação à Amazon.com. A empresa parece estar em todos os lugares, ávida por esmagar ou absorver qualquer coisa em seu caminho. Para os fãs de "Star Trek", a Amazon é o Borg.
Mas esse medo obscureceu uma dura realidade: ao contrário da maioria das superpotências de tecnologia dos EUA, a Amazon não é muito global.
Dois terços da receita da Amazon vêm das vendas nos EUA. O Amazon Prime está disponível em uns dez países, mas não é grande em muitos deles. Apenas quatro países ? os EUA, a Alemanha, o Japão e o Reino Unido ?contribuíram com 92 por cento da receita de US$ 136 bilhões na Amazon em 2016. A Amazon é global em teoria, mas só é bem-sucedida em poucos lugares.
Em comparação, 15 por cento dos usuários diários do Facebook, e quase metade de sua receita, vieram dos EUA e do Canadá no ano passado. Os aplicativos do Facebook e do Google são onipresentes em muitos países. Cerca de 80 por cento da receita da Intel vem de fora dos EUA. A Netflix agora tem mais assinantes no exterior do que em seu país de origem.
Em conformidade com a reputação de Borg da Amazon, a empresa não pretende permanecer em casa por muito tempo. E com uma visão otimista, a concentração geográfica da Amazon é uma oportunidade para mais riquezas no momento em que a empresa tenta extrapolar seu sucesso nacional.
O maior prêmio global é a Índia, onde a Amazon prometeu investir US$ 5 bilhões para entrar no que muitas empresas de tecnologia veem como uma futura mina de ouro. Leia as excelentes reportagens de Saritha Rai sobre o processo de adaptação da Amazon às necessidades dos consumidores no país, aumentando a capacidade de armazenamento, treinando pequenos comerciantes sobre como fotografar e comercializar seus produtos na internet e inventando formas de fazer entregas nas caóticas ruas da Índia.
A Amazon também informou na quarta-feira que venderia pela primeira vez na Índia alguns dos seus alto-falantes Echo, ativados por voz, com uma nova voz (em inglês) com a pronúncia local. Os fracassos da Amazon em desvendar o comércio eletrônico na China são famosos, e a empresa não quer repetir esses erros. A Amazon também está exportando estratégias que empregou na Índia. A Bloomberg News informou na quinta-feira que a Amazon está testando nos EUA um serviço de entrega que começou na Índia há dois anos.
E a Amazon não vai parar por aí. Nesta semana, os jornais da França estiveram repletos de notícias e rumores de que a Amazon pretende fazer parcerias ou assumir empresas envolvidas com supermercado ou distribuição de alimentos.
A incursão da Amazon pelo mundo afora inevitavelmente provocará reações adversas, como o Google e o Facebook bem sabem. A Amazon já sofreu com isso, mais recentemente na forma de uma conta de 250 milhões de euros (US$ 293 milhões) por isenções fiscais em Luxemburgo que foram consideradas ilegais pelas autoridades europeias. Algo que não se limita ao Amazon Web Services é que alguns clientes europeus optaram pelos provedores locais de computação na nuvem depois que foi revelado que as agências de inteligência dos EUA coletaram dados de empresas de tecnologia dos EUA.
Para mudar o presente provinciano da Amazon será necessária uma boa dose de trabalho e astúcia, e sem dúvida a empresa vai errar de vez em quando. Mas se Jeff Bezos conseguir o que deseja, o mundo, e não apenas quase todas as indústrias americanas, terá medo da Amazon.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.
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