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Como ser bem-sucedido no Chile com setores sob cerco

Eduardo Thomson

10/10/2017 12h31

(Bloomberg) -- Quando suas maiores fontes de renda estão sendo atacadas pela presidente ou são assunto de campanhas eleitorais e audiências judiciais, talvez seja hora de buscar lucros em outros lugares.

É por isso que a companhia chilena Inversiones La Construcción está apostando na expansão internacional, em seus bancos incipientes e em suas operações de anuidades para crescer.

As duas unidades que tradicionalmente lhe garantiram lucros ? a gestora de fundo de previdência AFP Habitat e a seguradora de saúde privada Isapre Consalud ? estão sofrendo. A AFP Habitat foi afetada por protestos e pelas reformas anunciadas pela presidente Michelle Bachelet no sistema de previdência privada. Os resultados do setor de seguros de saúde também foram atacados por uma onda de processos judiciais contra os aumentos de preços.

Em 2010, as duas unidades representaram 97 por cento dos lucros. Essa proporção caiu para 49 por cento a partir de junho deste ano.

"Quando temos anúncios presidenciais na TV especialmente dedicados a um dos setores em que você está, é difícil imaginar que isso não causará nenhum efeito", disse o CEO da ILC, Pablo González em uma entrevista em seu escritório, em Santiago.

Ex-banqueiro de investimento da Rothschild, González acredita que a ILC pode se apresentar como uma ação de crescimento, além de sua reputação tradicional como um dos melhores pagadores de dividendos. Para ajudar nessa transformação, a companhia pretende expandir sua presença internacional após uma primeira incursão transfronteiriça para o Peru em 2012.

"É parte de nossa estratégia nos próximos anos", disse González. "Não é que tenhamos uma meta, como ter três bandeiras diferentes no mapa em 2020. Se virmos uma oportunidade, analisaremos."

Existem algumas restrições, no entanto, pelo menos em pensões. A ILC compartilha o controle da AFP Habitat com a Prudential, e o acordo estipula que qualquer expansão internacional nessa área seja feita como parceiros.

Mas também existem possibilidades atraentes em outras áreas. A ILC espera que o Banco Internacional represente cerca de 20 por cento do lucro em cinco anos, contra 4,1 por cento em junho passado. O lucro deste ano deve chegar a US$ 17 milhões, em contraste com zero quando o banco foi adquirido em 2015. González projeta que o banco seguirá os passos do Banco Bice ou do Banco Security, que têm uma participação de mercado de dois a três por cento e são lucrativos.

A empresa de anuidades, Confuturo, e a rede de clínicas de saúde da ILC devem continuar registrando um crescimento anual de dois dígitos, disse González. A Confuturo, que foi adquirida da Corpgroup, do bilionário Álvaro Saieh, se beneficiará com a mudança demográfica do Chile, porque o número de aposentados aumenta anualmente em média 15 por cento.

Por sua vez, González quer manter suas opções em aberto. Embora alguns investidores achem que a eleição presidencial de novembro diminuirá os riscos para a unidade de pensões da ILC, o CEO não é complacente.

"Nós temos que considerar os fatos, e os fatos são que há três projetos de lei no congresso em diferentes estágios", disse ele. "Se você acha que nada vai mudar, você está errado. É preciso ser eficiente e ganhar escala para estar preparado."