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Emagrecimento de GE e Honeywell testa modelo de Buffett

Jack Kaskey

10/10/2017 15h17

(Bloomberg) -- Warren Buffett é dos poucos que se saem bem nesta situação.

Em determinada ocasião, Buffett enviou uma mensagem a seus acionistas afirmando que a Berkshire Hathaway era um "conglomerado espalhado, tentando constantemente se espalhar ainda mais". Ele passou meio século demonstrando que sua organização peculiar é capaz de recompensar generosamente os acionistas. Poucas ganham pontos pelo tamanho ? caso das empresas de tecnologia onipresentes na vida moderna.

Mas, de modo geral em Wall Street, o pensamento mudou sob a pressão de acionistas impacientes, especialmente no setor industrial, onde gigantes como General Electric e Honeywell International tratam de perder peso para agradar investidores.

Esses esforços refletem a mudança de percepção sobre os conglomerados, particularmente os que entregaram desempenho inferior, como a GE, que neste ano registrou a maior queda entre as componentes do índice Dow Jones. A GE está trazendo para o conselho um dos fundadores da Trian Fund Management, fundo investidor de perfil ativista, em um momento de corte de custos e planejamento futuro para uma combinação de negócios que passa por turbinas de aeronaves e equipamentos médicos de ultrassom. Na terça-feira, a Honeywell anunciou que vai desmembrar as divisões de turbocompressores automotivos e sistemas residenciais.

"O plano antigo foi rasgado", decretou Nicholas Heymann, analista da William Blair, sobre a GE. "É mais uma empresa inchada do que partida."

Transformação da GE

O presidente da GE, John Flannery, herdeiro figurativo de Jack Welch e Jeffrey Immelt, vem sinalizando que pretende implementar uma das maiores transformações dos 125 anos de história da companhia.

A nomeação de Ed Garden, da Trian, ao conselho de administração aconteceu três dias depois de a GE anunciar a saída de três executivos do alto escalão. Flannery também está cortando o uso de automóveis e jatinhos corporativos como parte do programa para redução de US$ 2 bilhões em custos até o fim de 2018.

Esta é a parte fácil. A difícil é decidir se a empresa sediada em Boston tem um mix de negócios adequado. Podem sair novidades neste sentido em 13 de novembro, quando a GE promove um dia de reuniões com investidores.

No mês passado, a GE acertou a venda de uma unidade de soluções industriais que fabrica disjuntores e interruptores elétricos. A companhia também pretende se livrar da unidade de iluminação - um passo ousado para a empresa fundada pelo próprio Thomas Edison.

Agora que a Trian tem um assento no conselho, é provável que acelere os esforços para dar uma cara nova à GE, talvez pressionando o grupo a se livrar de algumas unidades, disse Deane Dray, analista da RBC Capital Markets.

A Trian promoveu a separação em curso de divisões da DowDuPont. Desde que o fundo ganhou um assento na Pentair, em 2016, a companhia se livrou de uma unidade e anunciou plano para desmembrar uma segunda, disse Dray.

Dois desmembramentos

"Não acreditamos que a Trian vá defender que a GE abandone completamente o modelo de negócios de conglomerado, mas não nos surpreenderíamos se o fundo ativista fizer pressão por movimentos transformadores, como a separação das áreas de Saúde, Locomotivas, Iluminação ou partes de Energia", afirmou Dray em nota distribuída a clientes na segunda-feira.

No caso da Honeywell, as unidades de turbocompressores e sistemas de segurança e aquecimento residencial serão transformadas em duas empresas individuais, com ações negociadas em bolsa.

A Honeywell vai manter a unidade aeroespacial, desafiando outro fundo de perfil ativista, a Third Point, de Daniel Loeb, que argumentava que a separação da divisão acrescentaria US$ 20 bilhões em valor para os acionistas e permitiria que a Honeywell concentrasse forças em seus negócios essenciais.