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Amazon oficializa o que todos já sabiam com expansão no Brasil

Fabiola Moura e Christiana Sciaudone

18/10/2017 11h55

(Bloomberg) -- A Amazon.com está pronta para se comprometer com o Brasil. Ou algo do tipo.

Após cinco anos vendendo apenas livros no País, a Amazon agora está lançando uma plataforma de venda de eletrônicos e eletrodomésticos. O anúncio oficial veio na quarta-feira, mas os brasileiros vêm falando disso há uma semana, desde que a Bloomberg News noticiou com exclusividade que a Amazon tinha em aberto um número significativo de anúncios de emprego.

A expansão da maior empresa de comércio eletrônico do mundo na maior economia da América Latina é especulada há anos. Mas o lançamento foi atipicamente lento para uma empresa conhecida por "tomar decisões rápidas". O Brasil é um lugar notoriamente difícil para os negócios devido aos impostos elevados e à infraestrutura complexa.

Mesmo dando um passo adiante no Brasil, a empresa com sede em Seattle, EUA, está mantendo a discrição. O escritório da empresa em um edifício elegante no novo distrito financeiro de São Paulo passa despercebido, é um pouco sem graça. O nome não está no saguão de entrada e a empresa evitou fazer comentários sobre os próximos passos no Brasil, embora Alex Szapiro, gerente no País, tenha dito em entrevista que a Amazon está contratando para 81 postos de trabalho locais.

As ações do setor de varejo no Brasil caíram fortemente desde que a Bloomberg noticiou, em 11 de outubro, os planos ambiciosos de contratação da Amazon, incluindo quedas de 20 por cento da B2W Cia. Digital e de 17 por cento do Magazine Luiza. Os investidores parecem ter se consolado com a notícia de quarta-feira de que a expansão da Amazon por ora está limitada à venda de produtos eletrônicos por comerciantes locais e que portanto a empresa não terá uma estrutura de logística própria, deixando nas mãos dos vendedores usuários de seu mercado a entrega dos produtos.

O Magazine Luiza operava em alta de 5,6 por cento e a B2W subia 6,4 por cento às 11:26 no pregão de São Paulo.

O maior impacto da chegada da Amazon ao Brasil possivelmente seja a introdução de um serviço ao cliente mais simples e objetivo, algo que não é praticado pela maioria das empresas de varejo do País. De forma geral, é bastante fácil trocar produtos no Brasil -- desde que o cliente esteja dentro do limite padrão de 30 dias e que todas as etiquetas, notas fiscais e embalagem estejam intocados. Mas nem pense em pedir seu dinheiro de volta, independentemente de ter comprado em uma loja de alto padrão. E tentar cancelar um pedido geralmente é um exercício de controle da raiva.

A Amazon começou a vender e-books em 2012 e livros físicos em 2014. Em abril, inaugurou um marketplace para livros no País, permitindo que outros vendedores comercializassem seus títulos.

"Os brasileiros são apaixonados por tecnologia", disse Szapiro. "Da mesma forma que são apaixonados por leitura. Mas em ambos os casos é uma questão de preço, facilidade e conveniência da compra."