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Ex-Biogen levanta US$ 500 mi para vencer doenças infecciosas

Caroline Chen

18/10/2017 15h27

(Bloomberg) -- O executivo George Scangos, um veterano do setor de biotecnologia, tem estado ocupado desde que deixou a Biogen para criar uma startup voltada a doenças infecciosas: após fundar a Vir Biotechnology, em janeiro, ele fechou sete negócios e levantou mais de US$ 500 milhões.

Trata-se de uma das maiores rodadas de captação de recursos entre as startups de biotecnologia neste ano, particularmente para uma empresa focada em doenças infecciosas, segmento que normalmente não dá muito dinheiro. A Vir, que iniciará testes em seres humanos daqui a apenas 18 meses, tem em vista tratamentos para doenças complicadas que há muito frustram os pesquisadores, como a tuberculose resistente a medicamentos, zika, hepatite B e HIV.

"A noção convencional de que não se pode ganhar dinheiro combatendo doenças infecciosas é errada", disse Robert Nelsen, sócio administrativo da Arch Venture Partners e fundador da Vir, que tem sede em São Francisco. "Algumas pessoas dizem que a hepatite B não tem cura, mas quem conseguir curá-la terá um grande sucesso."

Nelsen e Scangos disseram que este é o momento certo para uma estratégia como a da Vir, porque os avanços científicos para modular o sistema imunológico, que têm atraído várias empresas farmacêuticas às imunoterapias contra o câncer, também podem possibilitar novas formas de atacar doenças infecciosas.

"Cinco anos atrás estaríamos batendo com a cabeça na parede", disse Scangos. Os novos diagnósticos e a melhor compreensão do sistema imunológico têm possibilitado "abordagens razoáveis com riscos razoáveis".

A estratégia da Vir de executar simultaneamente diversos programas e parcerias com várias empresas é uma forma de mitigar o risco, disse Scangos, porque dessa forma é possível eliminar rapidamente programas que não funcionem sem afundar a companhia como um todo.

Acordos de parceria

A Vir adquiriu a Humabs BioMed, uma empresa farmacêutica suíça com mais de 15 potenciais medicamentos em desenvolvimento, e assinou acordos de parceria com a Alnylam Pharmaceuticals, a Visterra, a Universidade de Stanford, a Universidade de Harvard, o Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, de Seattle, e com a Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, segundo comunicado da empresa à imprensa.

A abordagem em várias frentes também reflete o que pode ser necessário para vencer algumas dessas doenças, disse Scangos: "A hepatite B exigirá um tratamento combinado -- nenhuma modalidade sozinha levará à cura. Acreditamos que a siRNA, da Alnylam, pode fazer parte do tratamento, mas também temos um anticorpo interessante da Visterra e uma vacina."

Entre os investidores da Vir estão a Fundação Bill & Melinda Gates, o Softbank Vision Fund, da megainvestidora japonesa SoftBank, a Temasek Holdings, com sede em Cingapura, a Alta Partners, a Altitude Life Science Ventures, a Baillie Gifford e a Alaska Permanent Fund.

A Vir poderá levantar mais recursos em breve, diz Scangos. Outra rodada de captação está em fase de planejamento e deverá ser concluída no fim do ano.