IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Gigante do aço inoxidável vê aumento demanda com carro elétrico

Thomas Gualtieri e Rodrigo Orihuela

20/10/2017 10h22

(Bloomberg) -- Uma das maiores produtoras de aço inoxidável do mundo afirma que a ascensão dos carros elétricos ampliará a demanda pela liga na fabricação de automóveis. A oportunidade supera o desafio de competir pela oferta de níquel, metal usado em muitas baterias e matéria-prima mais importante da fabricação do aço que não enferruja.

"O aço inoxidável é usado para proteger as baterias que equipam os carros híbridos e, em geral, esse setor o emprega mais do que o tradicional", disse Bernardo Velázquez, CEO da Acerinox, em entrevista, em Madri.

A empresa não teme o aumento do preço do níquel porque o uso do níquel puro necessário para baterias é "limitado" na produção de aço inoxidável, disse Velázquez. A empresa está usando cada vez mais metal reciclado. "Não haverá nenhuma mudança substancial no nosso mundo", disse ele.

Os preços do níquel serão os grandes vencedores da revolução dos veículos elétricos se e quando milhões de motoristas deixarem para trás os motores de combustão interna, escreveu o Bank of America Merrill Lynch neste mês. O banco estima vendas globais de veículos elétricos da ordem de 13,6 milhões em 2025 e projeta que a demanda por níquel aumentará em 690.000 toneladas até lá. A produção global atual é de 2 milhões de toneladas por ano.

Para a Acerinox, quinta maior produtora mundial de aço inoxidável, com sede em Madri, o possível aumento na demanda impulsionado pelos carros elétricos poderia revitalizar um mercado em dificuldades devido ao excesso de capacidade da China.

"Nosso maior sucesso foi dar destaque ao problema chinês, a tal ponto que agora o assunto é discutido pelo presidente [dos EUA, Donald] Trump e também na Organização Mundial do Comércio", disse Velázquez.

As medidas antidumping implementadas na Europa e nos EUA para limitar as exportações chinesas, contudo, não são totalmente eficazes.

"Indianos, coreanos, taiwaneses, todos sofrem com a invasão chinesa, por isso estão vindo para a Europa e os EUA -- porque esse é um mercado realmente global", disse Velázquez. "Como grupo, estamos enfrentando antidumping na maioria dos nossos mercados, experimentando uma espécie de protecionismo neutro. Preferiríamos um mercado aberto, mas podemos competir com todos, desde que todos joguem pelas mesmas regras."

A tendência da produção chinesa também afeta os planos da Acerinox para atualizar suas instalações. A empresa "espera o momento certo, que depende de quando o excesso de capacidade da China estará mais ou menos equilibrado", para investir em sua unidade na Malásia e transformá-la em uma fábrica de aço inoxidável totalmente integrada com capacidade de 1 milhão de toneladas por ano, disse Velázquez.

Economia dos EUA

A Acerinox, que emprega 6.800 trabalhadores e também opera fábricas na Espanha, na África do Sul e nos EUA, lidera o mercado americano com uma participação de 35 por cento por meio da unidade North American Stainless.

"Hoje estamos felizes com a forma atual da economia dos EUA, já que os setores nos quais o aço inoxidável é empregado estão crescendo", diz Velázquez.

O lucro líquido da empresa no primeiro semestre de 2017 subiu para 151 milhões de euros (US$ 178,2 milhões), contra 9 milhões de euros no ano anterior, superando todos os resultados de ano cheio da última década, informou a empresa em comunicado a órgãos reguladores, em julho. A receita líquida aumentou de 1,9 bilhão de euros para 2,4 bilhões de euros com a recuperação dos preços do aço.