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Investidores apostam em títulos da Argentina após eleições

Carolina Millan e Ignacio Olivera Doll

24/10/2017 12h43

(Bloomberg) -- Após a vitória dos aliados do presidente Mauricio Macri nas eleições ao Congresso argentino no domingo, os investidores se atêm ao que virá em seguida na segunda maior economia da América do Sul.

Credit Suisse Group e Bank of America estão entre as instituições que enxergam oportunidades para ganhos nos títulos do país, diante do fortalecimento da coalizão de governo para implementação de medidas que segurem a inflação e impulsionem o crescimento econômico.

Títulos denominados em pesos

Os títulos denominados em pesos com juros pós-fixados, especialmente os atrelados à taxa básica de juros, são os preferidos do Credit Suisse no curto prazo.

Daniel Chodos, estrategista do banco em Buenos Aires, entende que a inflação acima da meta impedirá que o banco central reduza uma das taxas de juros mais elevadas do mundo. O índice de preços subiu 17,6 por cento nos primeiros nove meses do ano.

"Com o peso estável e o banco central agressivo, esses títulos oferecem ótimo carregamento no curto prazo", acredita Chodos.

Federico Perez, gestor de carteiras da Axis Inversiones em Buenos Aires, que tem US$ 230 milhões em ativos sob gestão, vê oportunidades de compra no curto prazo de títulos corporativos pós-fixados. A taxa de depósito no atacado mais usada no mercado argentino, conhecida como Badlar, atingiu o maior nível em um ano no dia 10 de outubro.

Títulos denominados em dólares

No médio prazo, alguns investidores enxergam valor nos títulos denominados em dólares, mesmo após o movimento de valorização que comprimiu o prêmio exigido pelos investidores para deter os papéis em vez dos títulos do Tesouro americano para o menor patamar em 10 anos. Chodos gosta do título com vencimento em um século, por conta do impulso sustentado ao crescimento e da expectativa de que Macri ficará politicamente mais forte para implementar mudanças.

O mercado antecipava um desfecho positivo para Macri nas eleições parlamentares, mas os preços dos ativos só contemplavam 80 por cento da vitória, de acordo com Jane Brauer, do Bank of America. Ela espera que, nos próximos três a quatro meses, os spreads encolham 30 pontos-base em relação ao níveis anteriores à votação e recomenda os títulos em dólares com vencimento em 2026 e 2036.

Outros esperam valorização ainda maior dos títulos adiante. O rendimento dos papéis soberanos pode cair até 150 pontos-base após as eleições, de acordo com Martin Lombardi, responsável pela divisão de banco de investimento da Nobilis Corredor de Bolsa, uma das maiores gestoras de ativos privados do Uruguai.

A elevação da classificação de crédito seria um catalisador para os títulos denominados em dólares. O Bank of America espera uma nota melhor por duas das três principais agências de classificação nos próximos 12 meses. Um representante da área de crédito da Moody's Investors Service, Gabriel Torres, informou que um comitê provavelmente discutirá a nota da Argentina nos próximos meses. O país tem classificação B3, igual à da Jamaica e do Egito.

Ações

As ações argentinas avançaram 32 por cento em dólares desde que as eleições primárias em agosto mostraram amplo apoio à coalizão de Macri. O índice bateu novo recorde na segunda-feira, após o desempenho melhor que o esperado dos aliados dele nas eleições parlamentares. O recorde anterior havia sido atingido na sexta-feira anterior à rodada final das eleições gerais, em novembro de 2015, quando Macri ganhou a presidência. Os investidores se perguntam se pode haver uma reprise do movimento de queda que sucedeu aquela votação.

"Não se pode descartar uma correção após a eleição", disse Sabrina Corujo, trader da Portfolio Personal, em Buenos Aires, que recomenda ordens de stop-loss e stop-gain para proteger posições. "Estou cautelosa em relação às ações, embora goste delas no médio a longo prazo."