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Projeção da Nike de US$ 50 bilhões em vendas parece distante

Matthew Townsend

24/10/2017 15h18

(Bloomberg) -- Com ações e confiança em alta, a Nike estava no topo do mundo em 2015.

A empresa registrava uma "alta histórica", disse o CEO Mark Parker, em evento com investidores, em outubro daquele ano. Ele projetava que as vendas subiriam 63 por cento até 2020 e totalizariam US$ 50 bilhões ao ano. "Está claro que a Nike é uma empresa em crescimento", disse ele.

Dois anos mais tarde, é difícil afirmar se a previsão se confirmará. A concorrência maior, liderada pela Adidas, afetou a maior marca esportiva do mundo e turvou suas projeções. Desde que Parker fez a projeção, as ações da Nike caíram 17 por cento -- eliminando US$ 22 bilhões em valor de mercado. O crescimento das vendas tem sido irregular e caiu para apenas 0,1 por cento no último trimestre.

Na quarta-feira, Parker e sua equipe de gestão realizarão outro evento com investidores na sede da empresa, em Beaverton, Oregon, EUA. Desta vez, tentarão convencer Wall Street de que a visão ainda está viva.

"A Nike deixou de ser uma empresa que avançava com o vento a favor e a todo vapor e passou a operar com ventos contrários e longe de sua capacidade máxima", disse Brian Yarbrough, analista da Edward Jones. "Eles terão que zerar suas expectativas."

Histórico

Parker e sua equipe de gestão podem estar diminuindo suas aspirações, mas deram poucos sinais disso. Eles disseram aos investidores que estão mudando alguns aspectos do negócio -- por exemplo, acelerando a produção de tênis -- e apostando que os investidores darão tempo a eles devido ao seu histórico.

Esse registro inclui o período de 2010 a 2015, quando a Nike dominava os EUA -- maior e mais antigo mercado da empresa -- com ganhos médios anuais de 10 por cento nas vendas. Não houve aquisições -- apenas crescimento orgânico, que fez o preço das ações da empresa triplicar.

Mas Parker, um veterano da Nike que se tornou CEO em 2006, não previu que a explosão dos calçados e vestuários atléticos seria um fiasco. Ele também não previu que o rápido crescimento das roupas esportivas atrairia simultaneamente uma série de marcas não atléticas para o segmento.

Como resultado, poderão faltar US$ 10 bilhões para cumprir a projeção de US$ 50 bilhões em vendas de Parker, que a empresa havia proposto alcançar no ano fiscal que termina em maio de 2020. Na época, a projeção significava manter taxas de crescimento anual de 10 por cento. Mas nos dois anos seguintes a empresa registrou a metade desse ritmo nos ganhos. A Nike projeta que crescerá a uma taxa similar neste ano, apesar de o mercado dos EUA continuar fraco.

"Eles entraram em uma sequência de cinco ou seis anos muito incrível, com números impressionantes para uma empresa tão grande", disse Yarbrough. "Mas já não são respeitados como antes e estão começando a perder parte da credibilidade."