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Debate sobre assédio raramente chega a conselhos de empresas

Jeff Green

25/10/2017 11h06

(Bloomberg) -- A maioria das empresas ainda não debate a questão do assédio sexual nos conselhos de administração porque os diretores não consideram que haja problemas em suas empresas -- e muitas mulheres diretoras evitam tocar no assunto.

Mesmo após casos de grande repercussão na Uber Technologies e na Fox News, emissora pertencente à Twenty-First Century, 77 por cento dos diretores afirmam que o assédio ainda não é debatido nos conselhos, segundo pesquisa realizada em agosto com 600 diretores de empresas públicas e privadas pela TheBoardlist e pela Qualtrics. As mulheres, maioria entre os entrevistados, afirmam que evitam o assunto após colegas homens enviarem sinais de que o debate não é prioritário, segundo a pesquisa divulgada na terça-feira.

"Os conselhos descobrem o que acontece nas empresas por meio de crises, um sinal de que algo não funciona", disse a fundadora da TheBoardlist, Sukhinder Singh Cassidy, em entrevista. "Para mim, isso evidencia uma enorme lacuna que os conselhos têm a oportunidade de enfrentar."

Mas por que os diretores não falam a respeito? Os entrevistados citam como motivos que o assunto "simplesmente não veio à tona", que os "membros do conselho são homens" e que o tópico não seria "bem recebido". A pesquisa, realizada antes do alvoroço deste mês gerado pelas acusações de assédio contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, será repetida daqui a seis meses.

"A pesquisa é perturbadora", disse Cassidy. "A governança corporativa de hoje está bastante acostumada a lidar com assuntos como risco financeiro, risco de auditoria e remuneração, mas não debate cultura e risco cultural."