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Setor de iates de grande consumo mergulha na tecnologia híbrida

Nathan Crooks

06/11/2017 12h16

(Bloomberg) -- Até mesmo a indústria dos iates de grande consumo de diesel está analisando a tecnologia dos motores híbridos.

As fabricantes de barcos de luxo ficaram para trás em relação às produtoras de veículos na busca por novas formas de acionar motores, mas Thomas Conboy, agente de vendas da empresa holandesa de iates Heesen na América do Norte, disse que o setor está prestando atenção à crescente demanda por tecnologias ecológicas.

"Este é um assunto que está em voga no mundo hoje", disse ele, no Fort Lauderdale International Boat Show, onde está em exibição um dos novos híbridos da Heesen, o Home. "A empresa que não estiver fazendo, ou pelo menos estudando o assunto, provavelmente não está prestando atenção no que a sociedade está querendo."

O iate de 50 metros custa cerca de US$ 38 milhões. Um novo modo híbrido permite que a embarcação viaje a 9 nós praticamente em silêncio por cerca de 15.000 quilômetros usando menos de 45 litros de combustível por hora, contra cerca de 100 litros gastos ao viajar a 12 nós com os motores tradicionais ligados. No modo híbrido, o iate usa geradores a diesel para alimentar motores elétricos em vez de baterias, segundo Conboy. Nesse sentido, o Home não é um Tesla, mas significa um avanço para um meio de transporte incrivelmente ineficiente em termos de combustível, fato que -- observou Conboy -- também pode ser apontado como culpado por pecados ambientais como matar animais selvagens em nome do design do interior. Quando não usa motores elétricos, o Home tem autonomia de cerca de 6.400 quilômetros a 12 nós.

Embora algumas outras embarcações utilizem a tecnologia, o Home é o primeiro a combiná-la com um formato de casco de rápido deslocamento projetado pelo arquiteto naval holandês Van Oossanen.

"É possível estar nas ilhas gregas, nas Ilhas Virgens Britânicas ou nas Granadinas e navegar praticamente em silêncio", afirmou a Conboy na quarta-feira, acrescentando que o iate custa aproximadamente o mesmo que um modelo equivalente a diesel porque o tamanho dos motores é muito menor.

Conboy destacou que os iates de tecnologia híbrida ainda representam uma pequena porcentagem das vendas globais e respondem por menos de 10 por cento da produção atual da Heesen.

"Os iates ainda não são os veículos mais verdes do mundo, obviamente, mas estamos fazendo incursões para tentar ser mais conscientes", disse ele.

Ressaltando que a tecnologia de bateria necessária para um verdadeiro híbrido ainda não existe, Conboy acredita que o público ainda não decidiu se a tendência dos iates mais ecológicos colará de verdade a curto prazo. Os clientes dispostos a desembolsar o dinheiro necessário para comprar um iate na faixa dos US$ 30 milhões querem uma tecnologia consolidada, e não algo visto como tendência.

Mas, segundo a Heesen, o Home, que apresenta design de interior de Cristiano Gatto, de Veneza, tem sido bem recebido, e ganhou o prêmio ecológico do Salão Náutico de Mônaco, segundo Conboy, entre outros prêmios.

"Ficaremos para trás em relação ao setor automotivo, mas será uma tendência similar", disse Conboy, acrescentando que a indústria de iates tende a seguir os avanços tecnológicos de outros setores em vez de investir quantias enormes em pesquisa e desenvolvimento. "Muitas coisas que saem pela primeira vez às vezes são vistas como uma moda. Acho que haverá mais demanda com o passar do tempo porque os donos de barcos que estão chegando hoje ao mercado têm mais consciência ambiental."