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Indústria do óleo de palma está dividida quanto ao La Niña

Anuradha Raghu

17/11/2017 10h04

(Bloomberg) -- A indústria de óleo de palma, ou azeite de dendê, está dividida em relação à preocupação com o La Niña.

A chuva mais pesada que a normal geralmente provocada pelo fenômeno na Malásia e na Indonésia, onde é produzido 85 por cento do óleo de palma do mundo, foi o assunto desta semana em que algumas das maiores empresas do setor divulgaram resultados. Enquanto algumas receberam bem a probabilidade de a chuva ajudar as árvores a finalmente se recuperarem do El Niño de 2015-2016, outras afirmam que o fenômeno pode trazer muita chuva e inundar plantações.

Um La Niña fraco se formou em outubro e pode durar até março, segundo meteorologistas dos EUA. Além do clima úmido em algumas regiões da Ásia, o fenômeno pode trazer seca a áreas de plantio de soja no Brasil, possivelmente afetando os preços do substituto mais próximo, o óleo de soja. Após queda no primeiro semestre de 2017, os futuros do óleo de palma se recuperaram devido ao crescimento decepcionante da produção. Com 2017 perto do fim, o setor especula quais podem ser as consequências do La Niña.

Riscos à produção

Um La Niña com condições normais poderia impulsionar a produção de óleo de palma, porque as chuvas ajudam a estimular o crescimento, mas chuvas extremas e inundações poderiam reduzir a oferta, mesmo que o impacto possa ser apenas temporário, disse o diretor de relações com investidores da Golden Agri-Resources, Richard Fung, na terça-feira. O segundo maior produtor de óleo de palma do mundo também alertou para o risco às plantações de soja no Brasil, o que pode levar a uma oferta menor de óleo de soja e ampliar a demanda pelo óleo de palma.

As inundações nas plantações de palma podem resultar na perda de 10 por cento a 15 por cento da safra por mês porque prejudicam a colheita e o transporte dos cachos do fruto para as usinas, segundo M. R. Chandran, diretor da IJM Plantations. Embora mais da metade possa ser recuperada já no mês seguinte, a qualidade pode ser afetada porque o esmagamento de frutas maduras demais produz um óleo de palma com níveis mais elevados de ácidos graxos livres.

As inundações também elevam os custos de produção porque os agricultores precisam reparar a infraestrutura danificada, como estradas e pontes, e contratar mais mão de obra para limpar detritos, disse Chandran, que tem mais de 50 anos de experiência no setor. As árvores com menos de dois anos são vulneráveis a inundações prolongadas, enquanto as mais velhas são mais resilientes, disse ele.

Os futuros atingiram a maior alta em quase três anos em fevereiro de 2011, quando o La Niña secou plantações de soja na América do Sul e inundou plantações da Malásia, reduzindo a produção, em janeiro de 2011, ao menor patamar em quatro anos na época. O óleo de palma para entrega em fevereiro permanecia pouco alterado, a 2.737 ringgits (US$ 657) por tonelada, na sexta-feira.

Mesmo que o impacto seja sentido apenas por dois ou três meses, "todas as plantações devem estar preparadas para a eventualidade" do La Niña, disse Chandran.

--Com a colaboração de Pooi Koon Chong