É verdade que ninguém entende o que fazem os bancos centrais
Os bancos centrais vêm discutindo bastante ultimamente a necessidade de comunicação clara com o público. Talvez já saibam o que fazer para melhorar o quadro.
Um estudo publicado nesta semana pelo Banco Nacional Suíço investigou dados de pesquisas do Banco da Inglaterra e descobriu que o conhecimento do britânico médio sobre o que faz seu banco central é bem limitado.
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A revelação em si não surpreende - inclusive autoridades do mundo todo estiveram em Frankfurt na semana passada e se lamentaram sobre as dificuldades para ensinar temas tão complexos à população. A parte notável é que a reputação dessas instituições seria muito melhor se pessoas comuns entendessem o que faz um banco central.
O estudo do economista do BC suíço Adriel Jost destaca que pessoas com conhecimento um pouco mais apurado das medidas do Banco da Inglaterra costumam dar mais apoio às mesmas e que os jovens, as mulheres e pessoas de classe social mais baixa estão notavelmente menos satisfeitos com a instituição. A entidade já está tomando providências para estreitar seu relacionamento com o público. Ainda na semana passada, o comandante do Banco da Inglaterra, Mark Carney, fez palestras em escolas de Liverpool.
Durante a conferência de comunicação organizada pelo Banco Central Europeu em 15 de novembro, o economista-chefe do Banco da Inglaterra, Andy Haldane, descreveu o problema contando que tentou explicar o trabalho dele a alunos do ensino médio durante um encontro que, na visão inicial dele, tinha transcorrido muito bem. Até que no final do encontro, uma garota sentada na primeira fila perguntou: "Quem é você e por que você está aqui?"
No entanto, os participantes dessa mesma conferência aproveitaram a ocasião para discutir a sinalização "odisseica" e "délfica" para os próximos passos da política monetária. Os paralelos que eles fazem com a mitologia grega podem mostrar porque o público tem tanta dificuldade de compreender. Para as pessoas comuns, o valor agregado pela compreensão desses jargões talvez não seja óbvio.
"Ninguém pode ser forçado a aprender", disse Jost. "Talvez as pessoas não tenham incentivo para aprender sobre política monetária, especialmente se estiverem satisfeitas com o banco central. O conhecimento de política monetária é menos necessário nas decisões cotidianas do que o conhecimento financeiro."
A pesquisa de Jost foi publicada sob a mesma série de um estudo de dois colegas dele no Banco Nacional Suíço, que no mês passado argumentaram que a intensificação da comunicação pelas autoridades monetárias nos últimos anos "criou confusão em vez de clareza". Esses estudos expressam a opinião de seus autores, não do próprio banco central.
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