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Economia do país acelera e não precisa mais de estímulos, diz Meirelles

Sergio Lima / AFP
Imagem: Sergio Lima / AFP

Raymond Colitt, Julia Leite e Daniela Milanese

27/11/2017 17h07

(Bloomberg) -- A economia brasileira não precisa de mais medidas de estímulos, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista exclusiva no escritório da Bloomberg, em São Paulo. Meirelles acredita que o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, a ser anunciado na sexta-feira (1º), será melhor do que o do segundo trimestre, que teve ligeira alta de 0,2%.

Após a divulgação dos números, a Fazenda vai revisar a projeção de crescimento da economia para 2018, atualmente em 2%. Para o ministro, as estimativas dos economistas captadas na pesquisa Focus, do Banco Central, têm viés de alta --hoje apontam aumento de 2,58% do PIB do próximo ano.

Ao longo de 2017, a economia foi ajudada pela liberação de recursos do FGTS, que estimulou o consumo com a injeção de mais de R$ 40 bilhões. Desde outubro, o governo também permitiu o saque do PIS/Pasep para os aposentados, com a perspectiva de injeção de mais R$ 16 bilhões.

Na avaliação do ministro, atualmente a atividade econômica já conta com o estímulo monetário proporcionado pela queda dos juros e a inflação baixa, além da melhora da confiança. "O país voltou a crescer e isso é o mais relevante."

Meirelles também acredita que o pior da crise fiscal brasileira ficou para trás, diante da recuperação econômica e da melhora da arrecadação, que deve seguir crescendo acima do PIB. 

Do ponto de vista estrutural, falta a reforma da Previdência para melhorar as contas públicas. O ministro avalia que é possível, na próxima semana, a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados do novo projeto da reforma, que mantém a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, a regra de transição e a equiparação entre trabalhadores públicos e privados, além de não mexer nos benefícios dos trabalhadores rurais. "Estamos em processo de contagem de votos."

No campo político, Meirelles acredita que o principal efeito de uma eventual aprovação da reforma da Previdência é facilitar a condução do próximo governo. Ao repetir que não é candidato à presidência, o ministro diz que sua bandeira no cargo é o ajuste fiscal e as reformas econômicas com o objetivo de modernizar o país.

Meirelles aponta um "processo de radicalização" na corrida eleitoral, com dois extremos cada vez mais solidificados, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na esquerda e Jair Bolsonaro na direita. "O centro está desocupado."

O ministro também espera para ainda este ano o envio de dois projetos ao Congresso. A Lei da Falências está atualmente em análise na Casa Civil para o equacionamento de dúvidas.

O governo também quer criar o depósito voluntário remunerado, instrumento de política monetária para o Banco Central que permite a administração da liquidez no sistema financeiro. Segundo o ministro, o objetivo é enviar os projetos ao Congresso tão logo quanto possível.

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