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Bundesbank quer manter compensação em Londres após Brexit

Nicholas Comfort

29/11/2017 14h11

(Bloomberg) -- Um integrante do Comitê Executivo do Banco Central da Alemanha, Andreas Dombret, defende um acordo para impedir que o Brexit atrapalhe os serviços de compensação de transações com ativos financeiros ? segmento atualmente dominado por casas com sede em Londres.

Tal acordo seria alinhavado com a "cooperação intensiva" entre supervisores da União Europeia e do Reino Unido, afirmou Dombret em Frankfurt nesta quarta-feira. O acerto também precisaria incluir "poderes de informação e intervenção de longo alcance para supervisores da UE" em relação aos de contrapartes britânicas, acrescentou.

"Estou convencido de que isso pode minimizar a necessidade de relocação em grande escala do negócio de compensação, pelo menos do ponto de vista econômico", disse o integrante do Bundesbank. "Naturalmente, o inverso também se aplica."

A Comissão Europeia propôs um novo regulamento de supervisão para as principais câmaras de compensação após os eleitores britânicos aprovarem a saída da UE. Uma das cláusulas potencialmente exige que contratos denominados em moedas de países do bloco sejam compensados dentro do próprio bloco. A questão se tornou uma das mais espinhosas nas negociações em torno do Brexit e colocou em xeque o status de Londres como centro financeiro global.

'Riscos importantes'

As câmaras de compensação ? como as operadas por London Stock Exchange Group, CME Group e Deutsche Boerse ? intermedeiam apostas em derivativos e guardam as garantias (ou margens) de ambas as partes para o caso de calote. A garantia visa impedir que o risco se espalhe pelo sistema se alguém não pagar.

O Banco da Inglaterra alertou nesta semana para "riscos importantes de ruptura no oferecimento de serviços de compensação" na Europa, na ausência de um acordo que garanta a continuidade de serviços transnacionais.

"Se a continuidade do acesso não for mantida, a perda de permissões pode interferir com a capacidade de membros de compensação do Espaço Econômico Europeu cumprirem obrigações contratuais junto á contraparte central garantidora", afirmou um relatório do banco central britânico, se referindo à região que reúne os países integrantes da UE mais Islândia, Liechtenstein e Noruega.

"Separar clientes do Espaço Econômico Europeu de outros pode fazer com que fique mais difícil e caro para eles a manutenção de posições de hedge e casadas", segundo o relatório. "Esses desafios significam que persistem riscos substanciais na atividade de compensação entre fronteiras."

Segundo Dombret, é preciso "construir pontes pós-Brexit" e os serviços de compensação podem apresentar uma oportunidade. "A porta precisa ficar aberta para uma parceria próxima e profunda com o Reino Unido", ele declarou.