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Minério de ferro entra em bull market por restrições da China

Jake Lloyd-Smith e Ranjeetha Pakiam

04/12/2017 15h18

(Bloomberg) -- O minério de ferro voltou a entrar em um bull market. Os preços estão subindo porque os limites impostos pela China à produção de aço neste inverno no hemisfério norte estão reduzindo os estoques, o que eleva a rentabilidade das usinas e estimula a demanda de minério de alta qualidade, embora os investidores estejam contabilizando os sinais de uma oferta ampla.

O minério à vista com 62 por cento de teor de ferro deu um salto de 3,7 por cento, para US$ 72,68 por tonelada, o máximo desde 14 de setembro, de acordo com a Metal Bulletin. Isso é mais que 20 por cento acima do piso registrado no final de outubro, o que atende à definição comum de bull market. Anteriormente, nesta segunda-feira, os futuros na Ásia subiram, e os preços do SGX AsiaClear avançaram 2,9 por cento, para US$ 71,29 a tonelada.

Os ganhos do minério de ferro ? que ajudarão mineradoras como Rio Tinto Group, BHP Billiton e Vale ? se sustentam na iniciativa sem precedentes da China para controlar a produção de aço neste inverno boreal a fim de reduzir a poluição. Embora essa iniciativa possa resultar em uma produção menor de aço no maior produtor do mundo, o que reduzirá a demanda global de minério por vários meses, ela também está atiçando os preços à medida que os estoques diminuem. O Citigroup destacou a perspectiva de alta para o minério de ferro no primeiro trimestre de 2018, elevando as projeções de preço tanto para o próximo ano quanto para 2019.

"Espera-se que a recuperação seja impulsionada por um maior endurecimento do mercado siderúrgico chinês, pelo reabastecimento ativo de minério de ferro de alta qualidade das usinas chinesas, por uma oferta marítima sazonalmente fraca e pelo reconhecimento de que o crescimento da oferta de minério de ferro passa seu pico durante o primeiro quarto de 2018", afirmou o Citi em um relatório que apresenta as perspectivas do banco sobre as commodities para o próximo ano.

À medida que as restrições impostas pela China às usinas se intensificam, os ativos de barras de reforço caíram 9,4 por cento na semana passada para o nível mais baixo em dados que remontam a 2010. Ao mesmo tempo, os preços à vista do vergalhão subiram ao patamar mais elevado em vários anos e os futuros na China avançaram novamente nesta segunda-feira. Essas tendências ajudam a rentabilidade das usinas no país, que representa metade da produção mundial de aço.

'Margens fortes'

"Estimuladas por margens tão fortes, as usinas passaram a se reabastecer significativamente, o que tem contribuído para o aumento dos preços", disse Hui Heng Tan, analista da Marex Spectron.

Ainda assim, continua havendo uma abundância de minério. Entre os sinais, os ativos portuários na China estão em alta recorde e são grandes o suficiente para cobrir o equivalente a mais de um mês de importações. Por outro lado, as exportações do Brasil totalizaram 34,2 milhões de toneladas em novembro, um recorde para esse mês e um aumento de quase 9 por cento em relação ao ano anterior.

As ações das mineradoras subiram nesta segunda-feira. Em Londres, a Rio Tinto ? que anunciou um novo presidente ? chegou a avançar 2,3 por cento, para 35,84 libras. Mais cedo, no trading de Sidney, a BHP avançou 1,6 por cento e a Fortescue Metals Group subiu 1,5 por cento. Essas três empresas são as maiores exportadoras da Austrália.

--Com a colaboração de David Stringer