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Petróleo americano começa 2018 com investidores cautelosos

Alex Nussbaum

05/12/2017 14h15

(Bloomberg) -- Investidores cansados com os rendimentos fracos da indústria de petróleo e gás poderia significar menos financiamentos para expandir o boom do xisto dos EUA em 2018 e menos impulso à consolidação.

Depois de chegar a um recorde em 2016, as emissões de ações das empresas de petróleo e gás dos EUA estão prestes a atingir o nível mais baixo em oito anos neste ano, em meio a dúvidas sobre a estabilidade do rali dos preços globais de petróleo bruto. Fusões, aquisições e aberturas de capital começaram bem, mas foram se esgotando ao longo do ano.

Embora alguns exploradores, entre eles a Anadarko Petroleum e a ConocoPhillips, tenham reconhecido a necessidade de disciplina fiscal, os investidores continuam céticos, disse Bobby Tudor, presidente do banco de investimento Tudor Pickering Holt, com sede em Houston, nos EUA. Isso reduziu o fluxo de dinheiro novo na indústria e é provável que esfrie as transações porque os compradores e vendedores esperam uma recuperação dos preços das ações.

"Houve uma dissociação, onde as empresas não acompanharam a alta dos preços do petróleo e a apatia dos investidores têm sido surpreendente", disse Tudor em entrevista por telefone. "O que os investidores estão dizendo é que assim que o petróleo ultrapassar a linha de US$ 60 por barril, vai haver uma mudança e todas as plataformas de perfuração começarão a trabalhar de novo."

Declínio

Os futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate são cotados um pouco acima de US$ 57 por barril, com uma alta de quase 7 por cento no ano, devido à decisão tomada na semana passada pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e por outros produtores de estender suas restrições à oferta até 2018. Contudo, como os preços então aumentam, também aumenta o medo dos investidores de que os perfuradores de xisto - as empresas em geral priorizam o crescimento -- voltem a focar no aumento da produção.

O índice S&P 500 Energy caiu 7,5 por cento em 2017. Isso é sinal de que o ceticismo se propagou pelos mercados de capitais durante todo o ano.

As emissões de ações de empresas de energia americanas totalizaram US$ 41 bilhões no ano passado, e exploradores como a Anadarko, a Devon Energy e a Concho Resources tentaram reforçar as finanças em meio aos preços fracos do petróleo ou financiar a expansão em novas formações de xisto. Neste ano, as ofertas caíram pela metade, para US$ 19,9 bilhões na segunda-feira. O número de emissões também caiu, de 110 no ano passado para 63 neste ano até agora.

É pouco provável que a situação mude no futuro próximo, disse Tudor. Como agora os mercados acionários estão concentrados em recompras de ações, dividendos e outros retornos, há menos apetite por aquisições que só aumentam o estoque de poços de uma empresa para perfurar, disse ele. Os investidores terão que ver dois ou três trimestres de disciplina fiscal e um crescimento dos fluxos de caixa para que o clima mude, disse ele.

"A oportunidade com as ações acabou", disse Tudor. "Basicamente, o mercado está dizendo: 'Não, prefiro que você cresça menos e me devolva um pouco de dinheiro'."