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Do petróleo ao lítio, políticas de Macri levam empresas à bolsa

Carolina Millan

06/12/2017 14h12

(Bloomberg) -- As empresas que operam na Argentina buscam uma nova forma de ampliar os laços com o país e ter acesso ao capital: a venda de ações no mercado local.

Companhias de energia e mineração que têm sede no exterior, mas operam no país, estão abrindo caminho. A Madalena Energy, por exemplo, uma empresa de exploração de petróleo e gás com sede no Canadá, se prepara para vender ações no início de 2018, e várias empresas envolvidas com a produção de lítio querem seguir o exemplo.

O desejo de ir além dos investidores focados em commodities gera ímpeto e a Argentina em si se tornou atraente, segundo o Banco Santander Río. O país voltou a receber a atenção dos investidores estrangeiros desde que o presidente Mauricio Macri encerrou um calote de 15 anos e cancelou os controles de capital. A prova: o índice de referência Merval subiu 44 por cento acumulado no ano em dólares.

"A Argentina é uma tese de investimento atraente, e a venda de ações na bolsa local identifica uma empresa com a marca Argentina, além de setores como commodities ou mineração", disse Walter Chiarvesio, chefe de pesquisa de ações do Banco Santander Río. "Quando um mercado se torna otimista ou passa a ser tendência, é vantajoso associar-se mais a essa marca."

Desde que assumiu o cargo, há dois anos, Macri tomou medidas para incentivar o investimento estrangeiro direto como forma de estimular o crescimento. Uma das medidas foi oferecer incentivos ao petróleo e ao gás de xisto. As reformas estão entre as razões que levaram a Madalena Energy a iniciar negociações com o órgão regulador local.

"Uma venda de ações local seria um sinal de compromisso com o país e com seu mercado local -- e faz sentido, considerando que todos os nossos ativos estão na Argentina", disse o CEO da Madalena, José David Peñafiel. "Isso ajudará a oferecer às nossas ações exposição aos investidores locais e nos dará acesso a mais uma forma de realizar uma possível capitalização localmente."

A alta meteórica do Merval também é um atrativo, diz Marcelo Etchebarne, sócio do escritório de advocacia Cabanellas Etchebarne Kelly. A empresa dele estruturou uma venda de ações local em 2010 da Andes Energía, atualmente Phoenix Global Resources.

"O rali está apenas começando, e uma venda de ações local é uma forma de capturar o público que está acompanhando a abertura da Argentina para o mundo", disse Etchebarne, que acrescentou que dialoga com diversas empresas que avaliam a venda de ações.

Novo setor

As empresas envolvidas com o lítio estão entre as que buscam uma fatia do bolo. Elas vêm chamando a atenção devido ao aumento do preço desse metal leve por causa da demanda por veículos elétricos. Outra mudança promovida pelo governo Macri -- a eliminação dos impostos à exportação de minerais -- também está ajudando a estimular o interesse nos depósitos de lítio. A Lithium Americas Corp abriu escritório em Buenos Aires neste ano e avalia vendas de ações na Argentina e nos EUA.

"Nossa atenção no momento está na finalização da venda dupla de ações da LAC na NYSE e, ao longo de 2018, avaliaremos fazer o mesmo na Argentina", disse Gabriel Rubacha, chefe das operações sul-americanas da Lithium Americas. "Uma possibilidade é levantar capital na Argentina, mas, mais importante que isso, gostaríamos de ter uma presença forte no mercado local e ser vistos como argentinos."

--Com a colaboração de Jonathan Gilbert e Eugenio Lobo