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Robôs devem diminuir remuneração de banqueiros, afirma Nordea

Tasneem Hanfi Brögger e Frances Schwartzkopff

06/12/2017 14h27

(Bloomberg) -- O CEO do Nordea Bank diz que o setor bancário precisa repensar praticamente tudo o que está fazendo para se preparar para o futuro. E isso inclui o quanto se paga aos banqueiros.

O maior conglomerado financeiro da região nórdica já está no processo de eliminar 6.000 empregos como parte de uma mudança que levará o banco a confiar mais na tecnologia e menos nos seres humanos. Mas o CEO Casper von Koskull diz que a busca por maneiras mais eficientes de fazer negócios não terminará quando esses empregos desaparecerem.

"Dizem que a automação se restringe aos serviços bancários particulares", disse von Koskull em uma entrevista, em Estocolmo. "Mas há elementos disso nas áreas de investment banking, serviços bancários corporativos, gestão de liquidez, câmbio. É preciso analisar o quanto é automatizado e se há menos envolvimento humano."

Sempre haverá um "elemento humano", diz ele. Mas, em última análise, "é preciso se perguntar qual é o valor da contribuição humana e como isso afeta a remuneração".

A missão de Von Koskull é abrir um caminho que possa inspirar outros bancos a seguir. Ao explicar sua visão de mundo, ele usa frases como "você não precisa de bancos, mas você precisa de serviços bancários". Ele também reitera que "os banqueiros precisam ter mais conhecimentos de tecnologia e entender como você usa as ferramentas".

O CEO do Nordea imagina organizações mais planas. Então, com respeito à eliminação de empregos planejada pelo banco, "os mais afetados são os que estão nos níveis administrativos médios e altos, porque essas camadas não são necessárias, ou não deveriam ser", disse von Koskull.

Nada disso deveria reduzir o apelo de uma carreira como executivo do setor bancário, de acordo com von Koskull.

"Se você tiver paixão pelo atendimento ao cliente e por oferecer valor ao cliente e, francamente, também à sociedade, este continua sendo um lugar fantástico para trabalhar", afirmou.

A área de investment banking, em particular, é um caso especial, de acordo com o CEO do Nordea. "Porque, no fim das contas, não se resume apenas aos fatos", disse ele. "Eu sempre disse que as finanças são uma ciência social. Não é uma ciência exata. Então, se você for um assessor de fusão ou um assessor de patrimônio, trata-se de confiança e relevância." Mas, mesmo aqui, "a tecnologia terá um impacto".

E os bancos são "também um lugar onde grande parte da sociedade diria que ganhamos excessivamente", disse von Koskull.

A questão da remuneração dos executivos de bancos frequentemente desperta críticas duras em alguns setores da sociedade. Só no mês passado, o CEO do UBS Group, Sergio Ermotti, e um ex-vice-governador do Banco da Inglaterra, Paul Tucker, estavam em extremos opostos de um acalorado debate sobre a cultura deremuneração no setor financeiro. Ao mesmo tempo, cresce a lista de bancos que estão abandonando os seres humanos à medida que passam a depender mais da automação.

--Com a colaboração de Niklas Magnusson