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Zara também é afetada por crise de lojas de roupa europeias

Lisa Pham

08/12/2017 14h00

(Bloomberg) -- Dá para ver que as coisas andam mal na indústria da moda da Europa porque até mesmo a Inditex está passando por um momento difícil.

As ações da proprietária da Zara caíram 4,5 por cento em 2017 e devem registrar seu pior ano desde 2008. Embora a queda seja muito menor que a de seus pares, como Hennes & Mauritz (22 por cento) e Esprit Holdings (35 por cento), ela mostra que nem mesmo a melhor empresa do setor é imune aos desafios da crescente concorrência na internet e da competição por descontos.

"Até mesmo para eles as margens estão sob certa pressão, e o principal motivo é que o cenário da concorrência está muito difícil", disse Mark Phelps, diretor de investimentos de ações globais concentradas da AllianceBernstein em Londres.

Os resultados do terceiro trimestre, que serão divulgados no dia 13 de dezembro, provavelmente vão mostrar isso. As vendas comparáveis devem revelar uma "desaceleração marcada" na segunda parte do período, de acordo com analistas da Raymond James, porque o clima ameno na Europa atrasou as compras de roupas de outono e inverno. No entanto, os analistas afirmam que a Inditex tem um modelo de negócios "incomparável no setor".

Famosa por ter revolucionado o modelo da cadeia de abastecimento do varejo de roupas, a empresa com sede em Arteixo, na Espanha, conquistou um séquito fiel na comunidade de investimentos. A Raymond James é uma das 22 corretoras com uma recomendação de compra, desempenho superior ou equivalente em relação à ação; apenas quatro recomendam vender.

A capacidade da Inditex de levar rapidamente produtos das passarelas às lojas, além de seus lotes de menor porte, atrai o consumidor moderno que gosta de obter gratificação instantânea, de acordo com a Macquarie Capital.

"Especialmente para a geração mais jovem, trata-se de ver agora, comprar agora, usar agora", disse Andreas Inderst, analista da Macquarie que manteve uma recomendação de desempenho superior na Inditex desde fevereiro de 2016. Os consumidores da Zara "estão dispostos a pagar um preço mais alto pelas novidades, por roupas que realmente estejam na moda".

De acordo com Inderst, a ação foi abalada pelo que ele chama de "preocupações de curto prazo" com o impacto que a valorização do euro e a desaceleração do desempenho comparável terão sobre a rentabilidade. O crescimento das vendas nas mesmas lojas, que foi o mais forte em pelo menos 14 anos no ano fiscal de 2017, desacelerou para 6 por cento no período de seis meses encerrado em 31 de julho.

Nem todos os analistas estão tão otimistas. Michelle Wilson, do Berenberg, rebaixou a Inditex para venda no mês passado devido à queda de confiança na sustentabilidade do crescimento "excepcional" de receita da empresa à medida que a concorrência aumenta.

O surgimento de varejistas de roupas on-line tem pressionado rivais tradicionais, que operam em lojas físicas, em todo o mundo. O valor de mercado da Asos ultrapassou o da britânica Marks & Spencer pela primeira vez no mês passado, um símbolo da mudança estrutural que vem ocorrendo no setor varejista há duas décadas. O crescimento de rivais de desconto, como a Primark, da Associated British Foods, só intensificou o panorama da concorrência.

--Com a colaboração de Thomas Mulier