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Startup de inteligência artificial parte do Fed para balanços

Adam Haigh

11/12/2017 14h44

(Bloomberg) -- Após aplicar os programas de aprendizado de máquinas aos comunicados das autoridades monetárias para produzir recomendações de investimento, um especialista em economia política está de olho nos balanços divulgados pelas empresas de capital aberto.

Evan Schnidman, 31 anos, fez doutorado na Universidade Harvard e sua dissertação analisava a comunicação do Federal Reserve, o banco central dos EUA. Ele conseguiu captar US$ 3,3 milhões em dezembro do ano passado propondo essa abordagem tecnológica para os comunicados de política monetária. Agora ele espera que o sistema funcione no universo corporativo. Sua startup, a Prattle, até há pouco aplicava um método de inteligência artificial chamado processamento de linguagem natural somente aos comunicados do Fed e outras autoridades monetárias.

As análises de empresas estão prestes a ter preço definido, com a introdução da Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia (conhecida pela sigla MiFID II). Sendo assim, os bancos de investimento e gestoras de recursos estão monitorando com mais cuidado os custos de pesquisa. ABlackRock já usa robôs para montar fundos. A aposta de Schnidman é que os serviços da Prattle aumentarão a produtividade e ajudarão a gerar recomendações de investimento mais rapidamente.

"Com os relatórios feitos a partir da teleconferência sobre os resultados das empresas, um analista que tem dificuldade para cobrir 10 ou 12 companhias poderá cobrir 30 ou 50", explicou Schnidman. Segundo ele, a ideia é que "as máquinas ajudem o processo decisório humano". "Ainda estamos muito longe de uma situação na qual as máquinas definem totalmente as decisões."

Há cada vez mais interesse no setor de investimentos por ferramentas analíticas que filtrem comunicados e comentários de executivos por meio de programas de computação e modelos matemáticos sofisticados. Segundo uma pesquisa recente do Barclays, 62 por cento dos fundos de hedge já usam alguma forma de aprendizado de máquinas e um quarto destes empregam os dados em decisões de investimento.

Os fundos de hedge que usam inteligência artificial e aprendizado de máquinas estão se expandindo rapidamente e já têm aproximadamente US$ 10 bilhões em ativos sob gestão, de acordo com o Comitê de Estabilidade Financeira dos EUA.

O novo projeto da Prattle começou na última temporada de divulgação de balanços corporativos nos EUA. A empresa pretende oferecer análises para empresas listadas em todas as principais bolsas de países desenvolvidos dentro de um ano.

Schnidman deu como exemplo o balanço da farmacêutica americana Mylan. O resultado trimestral, divulgado no começo de novembro, ficou abaixo das estimativas. Ainda assim, a pontuação de sentimento quantitativo da Prattle ? que avalia como as palavras se relacionam entre si -- colocou a recomendação para a Mylan no 90º percentil, o que significa que as ações provavelmente teriam desempenho superior ao do mercado em geral. Os papéis subiram 4,7 por cento, comparado a uma variação de 0,1 por cento no S&P 500.

A Prattle quer usar os recursos captados no ano passado ? em uma rodada liderada pelo fundo de hedge GCM Grosvenor ? para chegar a mercados como Japão, Hong Kong e Austrália. Seus programadores de software e pesquisadores de perfil quantitativo, que trabalham na cidade de St. Louis, começaram a elaborar programas com base em divulgações do Fed. Os algoritmos nos computadores da empresa leem os comunicados e calculam pontuações de sentimento quantitativo que servem como sinais dos movimentos nos mercados de câmbio e títulos. Embora a velocidade dependa de como cada banco central dissemina seus comentários, no caso do Fed, geralmente os sinais chegam por email para os clientes da Prattle em seis segundos.

--Com a colaboração de Matthew Boesler e Kana Nishizawa