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Acordo da Whole Foods dá impulso acidental a startups de entrega

Craig Giammona

12/12/2017 13h48

(Bloomberg) -- Quando a Amazon.com adquiriu a Whole Foods como parte de seu ataque ao setor de supermercados, parecia que este seria um golpe arrasador para as startups de entrega de alimentos, como Shipt e Instacart.

Com a possibilidade de comprar alimentos pela Amazon, por que os consumidores precisariam de outro serviço de entrega? Mas, ao invés de tornar obsoletas essas startups, o acordo da Whole Foods ajudou a chamar mais atenção para elas. Redes de supermercados em todos os EUA contrataram as duas empresas para ajudá-las a montar operações de entrega, vendo-as como aliadas essenciais para se defenderem da Amazon.

O CEO da Shipt, Bill Smith, observou essa evolução em Birmingham, no Alabama, onde ele fundou a startup em 2014. A aquisição da Whole Foods pela Amazon foi um alerta para as redes de supermercados, disse ele, e os negócios começaram a aumentar depois que a transação foi anunciada em junho.

"Antes do acordo, o ritmo era lento e constante, mas acho que agora elas sabem que precisam ser agressivas", disse Smith, 32, em uma entrevista. "O acordo deu prioridade a parcerias com empresas como a nossa."

A Shipt observou um aumento de 60 por cento em seus pedidos desde junho e avançou para 22 novos mercados geográficos. No próximo ano, a empresa espera chegar a cerca de US$ 1 bilhão em receita.

Ameaça da Amazon

Durante anos, o setor de supermercados permaneceu imune às revoluções provocadas pelo comércio eletrônico, que abalaram outras áreas do varejo. Até agora, apenas cerca de 2 por cento do mercado de aproximadamente US$ 800 bilhões se transferiu para a internet, de acordo com a RBC Capital Markets.

Mas a compra da Whole Foods, por US$ 13,7 bilhões, anunciou uma nova era para este setor. A habilidade da Amazon com a logística da cadeia de abastecimento e a análise de dados do cliente levou os investidores a apostar que a empresa acabará dominando o negócio de alimentos. No processo, os analistas preveem que pelo menos 10 por cento das vendas de supermercados passarão a ser feitas pela internet.

A questão para os supermercados tradicionais é como lidar com todos esses pedidos feitos pela internet. Eles poderiam montar sua própria rede de entregas, mas esse processo é árduo e caro, disse Smith. É por isso que muitos deles estão pedindo ajuda a startups de comércio eletrônico.

Shipt e Instacart usam um modelo similar: elas se associam aos varejistas e disponibilizam os itens de determinada loja pela internet. Quando um cliente faz um pedido, eles enviam um "comprador" à loja para pegar as compras e, em seguida, entregar os itens. A Shipt cobra US$ 99 por ano por entregas ilimitadas.

A Shipt terminará o ano em mais de 70 mercados dos EUA, contra 30 em 2016. Para a Instacart, o crescimento foi ainda mais rápido. A empresa se lançará em sete lugares novos nesta semana e terminará o ano em mais de 170 mercados, um aumento de mais de cinco vezes em relação ao ano anterior.