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Refugiados do Brexit podem causar crise habitacional em Amsterdã

Ellen Proper

13/12/2017 11h16

(Bloomberg) -- Se os refugiados do Brexit que trocarem Londres por Amsterdã estiverem sonhando em ser donos de uma das famosas casas com vista para um dos canais da cidade, eles vão se decepcionar.

Poucas dessas cobiçadas casas estão no mercado, e a cidade possui apenas cerca de 1.000 casas e apartamentos de qualquer tipo à venda.

A capital holandesa foi escolhida como a nova sede da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e as autoridades da cidade, de cerca de 850.000 habitantes, estão empenhadas em convencer firmas de tecnologia financeira, bancos e empresas a transferir as operações regionais de Londres para Amsterdã. Por isso, alguns moradores locais receiam que o mercado imobiliário, que já é difícil, fique ainda mais constrito. Os preços estão atingindo recordes.

"O mercado já está fortemente superaquecido", disse Sven Heinen, presidente da associação imobiliária de Amsterdã MVA, de seu escritório no transado bairro central De Pijp, onde fica a cervejaria da Heineken, que agora é uma atração turística. Como nos quatro canais famosos de Amsterdã, a disponibilidade despencou em seu bairro. "Muitas vezes, a demanda é maior do que a oferta."

Heinen projeta que os recém-chegados impulsionados pelo Brexit vão elevar ainda mais os preços. No terceiro trimestre, os preços das casas na cidade subiram 17 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, a uma média de 378.000 euros (US$ 445.000), de acordo com a organização de agentes imobiliários e corretores NVM. Isso se compara com 265.000 euros em 2008, antes que a crise financeira derrubasse os preços.

Oferta fraca

Ao todo, incluindo os bairros de Amsterdã ao norte do rio IJ e Zuidoost, um caldeirão de culturas ao sudeste da cidade, a oferta consiste em apenas cerca de 1.244 casas.

"Se metade dos 900 funcionários da EMA quiserem comprar uma casa em Amsterdã, isso já será cerca de metade da oferta", disse Heinen.

A EMA não é a única entidade que se deslocará para Amsterdã por causa do Brexit. Até o momento, empresas como Radix Trading, Quantlab e o Royal Bank of Scotland escolheram a cidade para sede no continente. Dentro de três anos, essas instituições esperam empregar 915 pessoas.

Além disso, a EMA tem a seu redor no Reino Unido um ecossistema de pelo menos 1.000 companhias, como desenvolvedores de medicamentos e outras empresas médicas que desejam estar perto da agência para facilitar as negociações. Algumas delas agora estão cogitando Amsterdã. A cidade também está em negociações com outras 80 empresas que poderiam transferir para lá sede ou filiais, disse Udo Kock, vice-prefeito da cidade responsável pelos assuntos econômicos, em entrevista.

O mercado de aluguel de Amsterdã também está constrito. A cidade tem pouco mais de 2.000 casas particulares de aluguel disponíveis, de acordo com Jasper de Groot, que abarca 85 por cento do mercado de aluguel com sua plataforma Pararius. Em contraste, a Rightmove, uma das principais plataformas de busca de imóveis residenciais no Reino Unido, tem mais de 49.000 unidades à venda em Londres e 50.000 para alugar.