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Monopólio no mercado de ações do México ganhará concorrência

Michelle F. Davis

14/12/2017 15h51

(Bloomberg) -- A solitária bolsa de valores do México está prestes a ganhar concorrência após mais de quatro décadas de operação como monopólio.

Em março, a Central de Corretajes planeja criar uma nova bolsa a partir de seus escritórios, estabelecidos em um bairro de luxo da Cidade do México, a cinco quilômetros da veterana Bolsa Mexicana de Valores. A empresa de 29 anos, que também opera como corretora, entre outros negócios, afirma que a nova bolsa sacudirá um mercado de ações considerado por muitos um dos mais adormecidos entre os maiores países em desenvolvimento.

A aposta é que, com dois lugares para negociar ações em vez de um, os custos de negociação cairão, o que ampliará o mercado atraindo mais investidores e liberando capital para que os detentores existentes possam executar transações mais sofisticadas. As empresas, ar ver uma base maior de capital disponível, estarão mais interessadas em explorar mercados de ações para captar dinheiro para a construção de fábricas ou para a compra de concorrentes.

"Estamos realmente interessados em trazer liquidez, que é o que torna um mercado atraente para os investidores e gera preços melhores para as empresas", disse Santiago Urquiza, presidente do conselho da Central de Corretajes. "E se houver mais investidores, mais empresas se interessarão pela venda de ações."

A BIVA, sigla em espanhol da nova bolsa, planeja se diferenciar da concorrente mais antiga oferecendo negociações anônimas, usando leilões para determinar preços de fechamento e relaxando requisitos para empresas que queiram vender ações pela primeira vez, segundo Urquiza, um ex-trader de câmbio de 60 anos. A BIVA também criou uma família de índices de ações para o México em parceria com a FTSE Russell.

Urquiza, nascido na Cidade do México, busca mudar o mercado de ações do país há mais de uma década. Ele ouvia as queixas dos investidores: não havia nomes suficientes para negociar e o mercado era raso. E pensou que um segundo lugar para efetuar transações ajudaria.

Urquiza solicitou formalmente a concessão para operar uma nova bolsa em 2015 e, em agosto passado, o governo mexicano aprovou a segunda bolsa.

O objetivo dele é que a nova bolsa ajude a elevar o volume negociado no mercado em 50 por cento nos próximos três anos e a ampliar o número de empresas com ações negociadas em 50 por cento em cinco anos.

O valor das ações mexicanas representava cerca de 27 por cento do produto interno bruto do país no fim do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence. No Chile, cuja economia tem cerca de um quarto do tamanho da mexicana, o mercado representava 86 por cento do PIB. O mercado de ações do Brasil respondia por 39 por cento do PIB e tinha cerca de 450 ações listadas. E embora o México fosse a 15ª economia do mundo no ano passado, seu mercado de ações era o 23º maior em capitalização, segundo dados da Federação Mundial de Bolsas de Valores (WFE, na sigla em inglês) citados em relatório da Oxford Business Review.

Há sinais de que a expectativa com a chegada da BIVA provocou algumas mudanças no mercado: a Bolsa Mexicana estuda adicionar REITs ao seu índice acionário de referência, o S&P/BMV IPC, e modificar sua metodologia para poder incluir mais de 35 ações. Com as mudanças, o índice ficaria mais parecido ao FTSE-BIVA.

"O curioso da concorrência é que força as pessoas a inovarem, o que é positivo", disse Urquiza. "Estamos criando competição, o que atrai novos atores desejosos de ver um mercado mais sofisticado e também mais volume dos nomes existentes."