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Bolsa de bitcoins quer que Wall Street comece a confiar na moeda

Lily Katz e Rob Urban

15/12/2017 14h02

(Bloomberg) -- Uma comemoração tomou conta dos escritórios de São Francisco da bolsa de moeda criptografada Coinbase quando o bitcoin passou de US$ 10.000 novembro. Mas a startup de 225 funcionários tem uma meta que vai além dos preços. A empresa quer usar o dinheiro digital para reinventar as finanças.

No futuro, segundo os planos da Coinbase, empréstimos, capital de risco, transferências de dinheiro, contas a receber e o trading de ações poderão ser feitos com moedas eletrônicas, usando a Coinbase em vez de bancos.

Mas antes disso, a Coinbase, que já é popular entre traders individuais, tem que se legitimar - e gerar receita - convencendo grandes gestores de recursos a terem confiança suficiente nela para operar em sua bolsa. Isso significa dar às instituições o que elas querem, inclusive um local seguro para guardar suas moedas criptografadas. A Coinbase também tem que garantir aos reguladores que o bitcoin não é uma espécie de rota da seda para hackers, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.

"O que fazer para que o dinheiro institucional chegue a este espaço?", disse o cofundador e CEO Brian Armstrong, 34. "Isso ajudaria a expandir todo o setor. Ajudaria a gerar mais confiança e certeza, talvez até reduziria a volatilidade com o tempo."

A Coinbase foi fundada em 2012, e seus escritórios conservam o charme das startups: uma geladeira para cerveja, um salão de jogos, um monte de produtos promocionais da empresa. Uma sineta convoca os funcionários para a aula semanal de código nas sextas-feiras, e a senha do Wi-Fi para os visitantes é a frase "sistema financeiro aberto!" em inglês.

Requisitos

Antes de entrar, as grandes instituições precisam de normas regulatórias claras, lugares seguros para armazenar seus ativos e bolsas que não colapsem nem sejam hackeadas, disse Paul Veradittakit, sócio da Pantera Capital, um hedge fund de moedas criptografadas.

Nas finanças tradicionais, bancos de custódia como o State Street guardam títulos, mantêm registros e prestam outros serviços para assessores de investimentos. A falta de ofertas semelhantes no mundo das moedas criptografadas faz com que muitas instituições mantenham a distância.

A Coinbase ofereceu uma solução: serviços de custódia de moedas criptografadas, que serão lançados no ano que vem. Chamados Coinbase Custody, eles estarão disponíveis para investidores com um mínimo de US$ 10 milhões em depósitos.

O State Street avalia se expandir para a custódia de moedas digitais, segundo Hu Liang, ex-diretor de tecnologias emergentes do banco. O banco representaria uma enorme concorrência para a Coinbase.

Um dos maiores desafios é desenvolver laços com os bancos. A Coinbase não divulga suas relações bancárias, mas uma pessoa com conhecimento do assunto disse que a empresa tem parcerias com o Cross River Bank, o Metropolitan Bank e o Silvergate Bank nos EUA.

"Vamos ter sucesso, mas não porque o preço vai pular de US$ 10.000 para US$ 100.000", disse Dan Romero, que dirige a plataforma de trading da Coinbase para indivíduos. "Será porque teremos milhões de clientes que confiam em nós."