IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Bitcoin e Brexit são ofuscados por eleições de países emergentes

Justin Carrigan e Mark Cudmore

18/12/2017 16h54

(Bloomberg) -- Com licença, bitcoin e Brexit. Os mercados emergentes estão chegando para roubar um pouco das atenções.

Em um início surpreendente da última semana completa antes do recesso de Natal, os traders reagiram a uma série de eleições em países como África do Sul, Índia e Chile, deixando de lado o cardápio mais previsível dos últimos meses.

"Os políticos estão sob pressão para mudar e estão enfrentando a reação não apenas do eleitorado local, mas também dos mercados", disse Simon Quijano-Evans, estrategista para mercados emergentes da Legal & General Investment Management em Londres, por telefone. "Haverá pressão de ambos os ângulos, o que forçará mudanças."

A África do Sul registrou os acontecimentos mais atraentes, já que o rand se valorizou e ficou abaixo de 13 por dólar pela primeira vez em três meses em meio ao otimismo crescente de que Cyril Ramaphosa, o favorito dos investidores, será eleito como próximo líder do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido que governa o país.

A moeda avançava 1 por cento às 12h22 em Joanesburgo e pode subir mais 8 por cento se confirmada a vitória de Ramaphosa, segundo Sean Ashton, diretor de investimento da Anchor Capital em Joanesburgo. As ações do índice sul-africano FTSE/JSE Africa All Share Index e os rendimentos sobre os títulos de 10 anos denominados em rands tiveram a maior queda desde março.

A Índia produziu uma montanha-russa. As ações do país caíram no início do pregão e depois se recuperaram quando os resultados iniciais da eleição em Gujarat, estado de origem do primeiro-ministro Narendra Modi, sugeriram que o partido do governo ganhará mais assentos do que as tendências iniciais indicavam. As eleições provinciais são consideradas um indicador da eleição nacional de 2019. A rúpia reduziu um declínio que chegou a 1 por cento.

Votação

A animação tomou conta do Chile depois que o bilionário Sebastián Piñera conquistou a vitória na eleição presidencial no domingo à noite após um segundo turno cujo resultado parecia incerto. Nesta segunda-feira, o peso chileno deu o maior salto desde junho de 2016 com base nos encerramentos e caminha para a maior série de valorizações em dois meses.

A agenda pró-mercado de Piñera ajudou a elevar o IPSA Index, índice de referência das ações chilenas, a um patamar recorde no início deste ano. A bolsa chegou a cair 6,2 por cento em 20 de novembro, maior declínio intradiário desde 2011, porque no primeiro turno da eleição ele recebeu menos votos do que os projetados e a principal aliança da esquerda subiu nas pesquisas.

Depois que o peso rompeu a barreira dos 630 por dólar, na segunda-feira, Quijano-Evans não vê motivos para que a moeda não se valorize para 620 a curto prazo com a vitória da Piñera.

"Muito poucos mercados emergentes têm uma tradição de instituições democráticas fortes o suficiente para resistir a ordens de curto prazo de populistas, nacionalistas e ideólogos e são capazes de assegurar a continuidade e a consistência do governo e da política econômica", disse Julian Rimmer, trader de mercados emergentes do Investec Bank em Londres. "É improvável que a economia supere a política em 2018, mas seria bom se a política se informasse sobre a economia pelo menos."

--Com a colaboração de Dana El Baltaji e Selcuk Gokoluk