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Jato supersônico da Aerion ganha impulso com emissão de dívida

Thomas Black

18/12/2017 14h28

(Bloomberg) -- A Aerion planeja vender até US$ 200 milhões em dívidas no momento em que se une à Lockheed Martin para construir um jato privado capaz de voar acima da velocidade do som.

É a primeira vez que a Aerion, financiada pelo bilionário Robert Bass, do Texas, busca financiamento externo para seu jato supersônico AS2, projeto no qual trabalha desde 2003. A aspirante a fabricante de aviões contratou o Goldman Sachs para ajudar com uma venda de dívidas que poderia ser realizada em um mês, disse Brian Barents, presidente-executivo do conselho da Aerion.

"Inicialmente, buscaremos algo entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões, quantia que nos conduziria pela fase de design preliminar, que levaria cerca de dois anos", disse Barents, em entrevista por telefone antes de uma entrevista coletiva, na sexta-feira.

O financiamento será um grande passo adiante para o projeto de US$ 4 bilhões de produção do primeiro jato executivo supersônico do mundo. A Aerion já recrutou a General Electric para projetar um motor exclusivo para o avião. A equipe pretende realizar o primeiro voo do avião em 2023, disse Barents. Nenhuma aeronave não militar é capaz de romper o Mach I -- a velocidade do som -- desde que o Concorde deixou de operar, em 2003.

Recebendo encomendas

A Aerion começará a receber encomendas de clientes agora e os depósitos ajudarão a financiar o desenvolvimento do avião, disse Barents. A Aerion estudaria também aceitar parcerias de capital, disse ele. A empresa estima que haverá demanda por 300 aeronaves ao longo de uma década.

A empresa abordou a Lockheed há cerca de um ano e, depois disso, os engenheiros da maior empreiteira de defesa do mundo visitaram a sede da Aerion em Reno, Nevada, para revisar o projeto do jato supersônico.

"Estamos empolgados para trabalhar com a Aerion no desenvolvimento desse eficiente jato supersônico da próxima geração que poderá servir como uma plataforma pioneira para as aeronaves supersônicas do futuro", disse Orlando Carvalho, vice-presidente executivo da Lockheed Martin Aeronautics, em comunicado, na sexta-feira.

A Aerion começou a trabalhar com a Airbus no início de 2014 para revisar os designs da asa e da estrutura e para ajudar a desenvolver o layout de sistemas e controles de voo, disse Barents.

A Airbus pode ter outras prioridades agora. A empresa com sede em Toulouse, França, chegou a um acordo com a canadense Bombardier em outubro para assumir o desenvolvimento e a comercialização de seu avião comercial de pequeno porte, conhecido como C Series.

A fabricante europeia lida também com possíveis grandes penalidades resultantes de uma investigação de corrupção, com a redução do número de encomendas do jato jumbo A380, com o estouro do orçamento do avião de transporte militar A400M e com uma reformulação na diretoria.

Além do desenvolvimento do motor, uma prioridade do projeto da Aerion sempre foi "associar-se a uma fabricante estabelecida, reconhecida e confiável de estruturas de aviões que pudesse nos levar ao mercado", disse Barents.