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Efetivação de novas regras atrapalha vendas de ETFs na Europa

Eddie van Der Walt e Will Hadfield

04/01/2018 11h18

(Bloomberg) -- A ascensão dos investimentos passivos na Europa enfrenta percalços temporários.

A Hargreaves Lansdown, uma das maiores plataformas para investidores individuais do continente, retirou de seu website aproximadamente 1.200 fundos negociados em bolsa (exchange traded funds ou ETFs) depois da efetivação das regras conhecidas pela sigla PRIIPs, elaboradas para aumentar a eficiência dos mercados na União Europeia. Cerca de 900 fundos domiciliados nos EUA estão entre os que não cumprem os regulamentos e o quadro não deve mudar, de acordo com um porta-voz da empresa.

No ano passado, o total de ativos sob gestão dos ETFs superou o dos fundos de hedge, à medida que os investidores evitam produtos mais caros, oferecidos por gestoras de recursos de perfil ativo, que geralmente têm desempenho pior que o do mercado. O problema temporário ocorre em um momento em que as autoridades reguladoras incentivam a venda de produtos mais baratos de perfil passivo, incluindo ETFs, por meio de um marco regulatório separado (a Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia, conhecida pela sigla MiFID II). Os trabalhadores da região estão investindo mais nos mercados de capitais para aumentar sua poupança.

Uma grande corretora europeia chamada DeGiro suspendeu a negociação de alguns ETFs e produtos alavancados na quarta-feira, afetando até 40.000 clientes, após a efetivação de regulamentos sobre idiomas locais referentes a PRIIPs (sigla para Produtos Empacotados de Investimento Individual e Baseados em Seguros). Outras firmas também foram afetadas pelas regras, em vigor desde 1º de janeiro, exigindo prospectos em idioma local, segundo a DeGiro. As regras só valem para investidores individuais.

Muitos emissores de produtos não estavam cientes da regra e não prepararam os documentos, obrigando a DeGiro a suspender as negociações, informou o diretor comercial, Gijs Nagel.

"Se certos produtos não estão disponíveis em idioma local, não podemos mais oferecer o produto", disse Nagel. "Precisamos fechar muitos produtos aos nossos clientes."

Foram afetados clientes na Alemanha, Suécia e Holanda, mas não na República Checa e em Portugal.

Regras dos documentos

Alguns documentos precisam ser disponibilizados no idioma prescrito pelo país onde PRIIPs são distribuídos "para que os investidores individuais possam entender", de acordo com a regra publicada pela Comissão Europeia.

"É um grande impacto para nós", relatou Nagel. "Vai afetar nosso lucro no curto prazo."

A Flow Traders, que processa mais de 30 por cento dos volumes negociados no continente, informou na terça-feira que os regulamentos não tiveram impacto notável no negócio.

"PRIIPs são realmente para investidores individuais; para a comunidade institucional isso não se aplica", explicou Serge Enneman, da área de relações com investidores da Flow Traders. "Se essa regra tivesse sido introduzida nos EUA, onde uma grande parte do mercado é de indivíduos, o resultado seria diferente. Na Europa, mais de 90 por cento do fluxo é institucional; para nós, os negócios estão normais."

--Com a colaboração de Lukanyo Mnyanda