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Alemanha quer que Reino Unido pague por acesso bancário, dizem fontes

Birgit Jennen e Ian Wishart

10/01/2018 19h31

(Bloomberg) -- A Alemanha exigirá que o Reino Unido pague pelo privilégio de que suas instituições financeiras tenham acesso aos mercados da União Europeia após o Brexit. O governo da chanceler Angela Merkel mantém uma postura irredutível contra um tratado comercial sob medida.

O Reino Unido não deve esperar um tratado comercial que inclua serviços financeiros, a menos que concorde em contribuir substancialmente para o orçamento da UE e respeite a lei europeia, segundo integrantes de dois importantes departamentos do governo alemão em Berlim. Ambos pediram anonimato por discutirem estratégias internas do governo.

Antes mesmo do início das negociações sobre o relacionamento futuro do Reino Unido com a UE, a postura da Alemanha pode frustrar o objetivo do Reino Unido de garantir um tratado sob medida. O governo da primeira-ministra Theresa May considera a postura da Alemanha crucial -- o ministro das Finanças, Philip Hammond, e o secretário do Brexit, David Davis, chegam à Alemanha nesta quarta-feira para se reunir com grupos de empresários e defender um acordo abrangente para o Brexit.

Em artigo conjunto para o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung publicado no mesmo dia, Hammond e Davis disseram que querem um acordo comercial que englobe serviços financeiros para garantir que, após o colapso de 2008, "não coloquemos em risco essa estabilidade financeira conquistada a duras penas".

Mas a Alemanha rejeitará qualquer tentativa de incluir os serviços financeiros em um acordo comercial pós-Brexit, a menos que o Reino Unido deixe de se opor ao pagamento de contribuições substanciais ao orçamento da UE, disseram os membros do governo. Caso contrário, o Reino Unido está simplesmente tentando "escolher" os termos favoritos da adesão à UE sem precisar dividir nenhuma responsabilidade -- algo que a Alemanha rejeitou explicitamente desde o início.

Noruega ou Suíça

A Noruega e a Suíça, que não pertencem à UE, têm acesso limitado ao mercado único europeu, mas pagam pelo privilégio. O Canadá, com o acordo de livre comércio mais próximo ao que o Reino Unido terá, segundo a UE, não contribui para o orçamento da UE -- e o setor de serviços financeiros quase não aparece. Segundo os membros do governo alemão, o Reino Unido deve, portanto, escolher entre os modelos suíço ou norueguês se quiser incluir serviços financeiros.

O comissário de Orçamento da UE, Guenther Oettinger, declarou a jornalistas em Bruxelas, nesta quarta-feira, que os pagamentos do Reino Unido após o fim planejado da fase de transição pós-Brexit, em 2021, são um assunto a negociar, mas que "o Reino Unido poderia refletir sobre" a forma de pagamento da Suíça para participar de alguns projetos europeus.

A UE e o Reino Unido atualmente estão em processo de decidir exatamente o que querem com as negociações. Ambos os lados devem começar a discutir formalmente seus laços comerciais futuros após uma cúpula da UE programada para março, quando o negociador-chefe do Brexit da UE, Michel Barnier, apresentará as diretrizes de negociação que deverão ser adotadas por líderes como Merkel e o presidente da França, Emmanuel Macron.

--Com a colaboração de Timothy Ross e Jones Hayden