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Cinco choques poderiam impedir alta dos mercados emergentes

Ben Bartenstein

16/01/2018 12h47

(Bloomberg) -- Muitas coisas poderiam acabar com a alta de dois anos das ações dos mercados emergentes. No entanto, parece que ninguém concorda com quais seriam essas coisas.

Claro, há muitos otimistas. A Fiera Capital, gestora de recursos de Montreal que administra US$ 123 bilhões, espera retornos atraentes por mais alguns anos. A Research Affiliates, uma subassessora de empresas como a Pacific Investment Management Co., afirma que os mercados emergentes são a "negociação da década".

No entanto, outros estão soando o alarme. No caso mais recente, o Morgan Stanley anunciou que as ações emergentes poderiam ver uma repetição do ano 2000, que começou bem e terminou com uma queda de 32 por cento. A seguir, cinco possíveis causas de preocupação:

1) Retração do setor de tecnologia

Para Bhanu Baweja, do UBS, sinais de alerta normais, como uma inflexão no ciclo de crescimento, avaliações caras ou queda dos preços do petróleo, não são visíveis. O maior risco poderia ser uma retração no setor de tecnologia, de acordo com Baweja, chefe de estratégia de ativos cruzados do mercado emergente em Londres.

Ele "duvida" que as empresas de tecnologia do mercado emergente consigam replicar a receita do ano passado. As companhias de hardware podem ser particularmente suscetíveis à queda da demanda por memória. Uma queda forte do bitcoin também poderia complicar o setor, disse ele.

2) Dólar mais forte

Jeff Gundlach, diretor de investimentos da DoubleLine Capital, com sede em Los Angeles, diz que uma alta em breve do dólar dos EUA e avaliações perto de níveis recorde provavelmente serão um contratempo temporário para as ações dos países em desenvolvimento.

"Este não é um bom momento para comprar mercados emergentes, porque o preço está muito ruim", disse o bilionário gerente de títulos durante seu webcast anual "Just Markets", na semana passada. "A localização do comércio está muito ruim - você está onde houve uma inversão anteriormente."

3) Desaceleração econômica

A empresa de consultoria Capital Economics, com sede em Londres, projeta que o crescimento econômico dos mercados emergentes vai diminuir de 4,4 por cento no ano passado para 4,2 por cento em 2018.

Grande parte da desaceleração se deve à China, onde o ritmo mais lento poderia prejudicar os preços das commodities industriais. Como resultado, a alta das ações de países em desenvolvimento provavelmente " se extinguirá" e o MSCI Emerging Market Index terminará o ano "ligeiramente inferior" em dólar, afirmou a empresa na semana passada.

4) Excesso de compras

O Goldman Sachs afirma que os recordes das ações globais implicam um risco maior de recuo do mercado. A instituição observa que o MSCI Emerging Market Index está na sequência mais longa de sua história sem uma correção de 10 por cento.

5) Pico de inflação

Um aumento notável e inesperado da inflação nos mercados maduros poderia ser "um divisor de águas" para os fluxos acionários dos mercados emergentes, de acordo com Emre Tiftik, vice-diretor de mercados de capitais globais do Instituto de Finanças Internacionais, com sede em Washington.

--Com a colaboração de John Gittelsohn e Kana Nishizawa