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Audemars Piguet enfrenta mercado de usados com lojas próprias

Thomas Mulier

17/01/2018 12h08

(Bloomberg) -- A Audemars Piguet, fabricante suíça do robusto relógio Royal Oak, planeja abrir lojas independentes para comprar e vender relógios de segunda mão, buscando um controle maior sobre seus produtos ao longo do ciclo de vida em um momento em que o setor procura novas fontes de crescimento.

O negócio de relógios usados poderia ter de 10 a 20 vezes o tamanho do mercado de relógios novos, disse o CEO François-Henry Bennahmias em uma exposição em Genebra. Até agora, ele foi relegado principalmente a casas de leilão, lojas locais independentes e plataformas on-line, como Amazon.com e eBay, enquanto as marcas suíças se concentraram em criar uma aura de exclusividade em torno de suas novas criações.

"Temos que reconquistar esse mercado, porque acreditamos que podemos fazer isso melhor", disse ele em entrevista no Salão Internacional de Alta Relojoaria.

A indústria relojoeira da Suíça, existente há quatro séculos, está experimentando novas estratégias após uma queda de vários anos ocorrida em meio a uma repressão à corrupção na China e ao surgimento dos relógios inteligentes. O crescimento das exportações registrado no ano passado, de cerca de 3 por cento, ficou longe do ritmo de dois dígitos da década anterior.

A Audemars Piguet produz cerca de 40.000 relógios novos anualmente e é uma das poucas fabricantes independentes de grande porte, um status cada vez mais raro em um setor dominado por Richemont, Swatch Group e Rolex. A companhia abrirá lojas que vendem modelos usados de sua própria marca em três anos, disse Bennahmias. A marca testou o conceito em uma loja no Grand Hotel Kempinski de Genebra e planeja iniciar testes nos EUA e no Japão.

Esta não é a única marca a avaliar o negócio de relógios de segunda mão. Jean-Claude Biver, chefe das marcas de relógios da LVMH TAG Heuer, Hublot e Zenith, disse que está pensando em entrar no mercado.

Nova linha

A Audemars Piguet também está planejando uma nova linha para complementar o Royal Oak e oferece uma extensão gratuita de sua garantia a cinco anos para os compradores que se registrarem pela internet. A receita aumentou 12 por cento em 2017 e chegou perto de 1 bilhão de francos (US$ 1 bilhão).

No próximo ano, a fabricante de relógios apresentará uma nova linha com apelo unissex, disse Bennahmias. Ela será direcionada para ambos os sexos desde o início - ao contrário do Royal Oak, originalmente concebido como um modelo masculino, cujas versões femininas foram adicionadas posteriormente. Os novos relógios não são pequenos, mas ficam bem no pulso feminino, disse o CEO.

Talvez as fabricantes de relógios precisem agir rapidamente no negócio de segunda mão, porque o comércio eletrônico ameaça encurralar o mercado. A Amazon.com já possui ofertas de relógios Audemars Piguet autênticos que variam de US$ 2.995 a US$ 196.995. Novas versões do Royal Oak custam a partir de US$ 12.000 ou US$ 15.000.

Bennahmias comparou a abordagem às marcas de automóveis que passaram a vender também os modelos usados, o que lhes conferiu um controle maior sobre o que acontece com os veículos após a venda inicial. O plano é ter lojas diferentes para vender os relógios antigos e os novos, porque essas ofertas atraem clientes distintos, disse o CEO.

"Não podemos deixar isso nas mãos de outras pessoas que não sejam os criadores da marca", disse ele.