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Negócios 'desastrosos' afetam aquisições de minas de ouro

Luzi-Ann Javier

17/01/2018 17h35

(Bloomberg) -- Prejudicadas por alguns investimentos ruins que causaram bilhões de dólares em prejuízos há alguns anos, as maiores produtoras de ouro do mundo reduziram consideravelmente as aquisições no campo de mineração -- apesar de os preços dos metais terem registrado o maior aumento desde 2010.

O valor das transações do setor, das aquisições ao financiamento de capital de risco, caiu em mais de um terço em 2017, para US$ 8,95 bilhões, menor nível em pelo menos 12 anos de dados compilados pela Bloomberg. O declínio reflete a inconstância de um setor que embarcou em uma farra de compras em 2010 e 2011, quando os preços atingiram níveis recorde, e depois ficou atolado em dívidas elevadas e enormes baixas contábeis quando o preço dos lingotes despencou.

Apesar da alta dos preços nos últimos dois anos, os executivos relutam em reiniciar as aquisições. Os acionistas criticaram duramente os acordos passados, que segundo estimativa do bilionário gerente de hedge funds John Paulson provocaram US$ 85 bilhões em baixas contábeis desde 2010. O lingote continua cerca de 30 por cento mais barato que seu valor recorde de setembro de 2011, mas no período as ações das grandes empresas de mineração monitoradas pela Bloomberg Intelligence caíram ainda mais, em mais da metade.

"Houve alguns acordos de fusões e aquisições desastrosos no passado, que destruíram muito valor do acionista", disse Thomas Kaplan, presidente do conselho da Electrum Group, empresa de investimentos focada na mineração e maior acionista da NovaGold Resources. "Ainda estamos em uma fase em que os investidores estão desestimulados pelos baixos retornos."

E por uma boa razão. Na corrida para ampliar a produção em 2011, as empresas investiram um recorde de US$ 38,7 bilhões em acordos como aquisições e financiamento de capital, mostram dados compilados pela Bloomberg. Naquele ano, o ouro atingiu uma máxima histórica de US$ 1.921,17 a onça. Em 2012, o valor das reservas não extraídas atingiu US$ 224,23 a onça, quase o triplo de seis anos antes. Mas em setembro de 2015, o ouro já havia caído para US$ 1.115,09 e o valor das reservas no solo era de US$ 90,90.

Acúmulo de prejuízos

Em 2013, a Barrick Gold, maior produtora do mundo, registrou prejuízo de US$ 10,4 bilhões, incluindo grandes baixas contábeis de ativos vindos de aquisições. A empresa demitiu o CEO em 2012 e dois anos depois também o substituto dele. O setor teve prejuízos por quatro anos consecutivos até 2015, com baixas contábeis de ativos de produtoras como Newmont Mining, Kinross Gold e Goldcorp.

Os "retornos terríveis" levaram alguns investidores ativistas à ação, como Paulson, que entrou no negócio de ações de mineração e lingotes de ouro em 2010, pouco antes do pico. O bilionário está organizando um Conselho de Acionistas do Ouro, um grupo de investidores institucionais prejudicados por fusões, salários de executivos e nomeações de conselhos do setor de mineração.

"Esta iniciativa será uma tentativa de garantir que as empresas não retomarão esse mau comportamento", disse Joe Foster, gerente do VanEck International Investors Gold Fund, de US$ 670 milhões, em Nova York. "Vimos grandes melhorias nas diretorias nos últimos cinco anos e os investidores querem assegurar a continuidade delas."