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Fed termina proposta para flexibilizar índice alavancagem:Fontes

Jesse Hamilton

19/01/2018 09h14

(Bloomberg) -- O banco central dos EUA está trabalhando para flexibilizar um componente essencial das exigências impostas após a crise, que aumentaram drasticamente os níveis de capital nos maiores bancos, de acordo com pessoas a par dos esforços. A decisão pode liberar bilhões de dólares para gigantes de Wall Street.

Funcionários do Federal Reserve estão reescrevendo a regra de cálculo do índice de alavancagem (que define o nível mínimo de capital que os bancos dos EUA precisam separar em relação ao total de ativos), buscando maior alinhamento com um acordo recente entre autoridades reguladoras globais, disseram duas pessoas que pediram anonimato porque o processo não é público. As fontes afirmam que o trabalho do Fed está sofrendo oposição da Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), uma agência com autoridade sobre regras bancárias que ainda é comandada por uma pessoa indicada pelo ex-presidente Barack Obama.

Porta-vozes de Fed e FDIC se recusaram a comentar, como também se recusou o porta-voz do Escritório do Controlador da Moeda (OCC), outro órgão de regulamentação bancária envolvido nas discussões.

Em dezembro, autoridades reguladoras dos EUA entraram em acordo com contrapartes no exterior para estabelecer um novo padrão de índice de alavancagem que represente um nível mínimo para países integrantes do Comitê da Basileia de Supervisão Bancária. A mudança pode elevar as exigências de capital para algumas instituições europeias, mas é menos rigorosa do que a regra adotada pelos EUA após a crise. Agora, autoridades americanas pretendem baixar parte do índice existente e acrescentar uma nova sobretaxa que ainda deixaria a exigência de capital total abaixo da que está vigente, segundo as fontes.

Crescimento animador

A maioria dos órgãos de supervisão bancária dos EUA passou para o comando de pessoas nomeadas pelo presidente Donald Trump, que argumenta que a desregulamentação vai liberar os bancos para fornecer o crédito necessário para impulsionar o crescimento econômico. Entre os nomeados por Trump estão Randal Quarles, responsável por supervisão no Fed, e Joseph Otting, presidente do OCC.

Jerome Powell, atual diretor do Fed e escolhido por Trump para substituir Janet Yellen na presidência do banco central, defendeu a recalibragem do índice de alavancagem meses antes de o Comitê da Basileia tomar providências. Segundo ele, a decisão "poderia ajudar a reduzir o custo enfrentado pelos maiores bancos". Mesmo pequenas alterações podem causar grande impacto para instituições como Morgan Stanley e bancos de custódia como State Street e Bank of New York Mellon.

Segundo uma das pessoas ouvidas, os trabalhos para delinear uma proposta estão acelerados no Fed e podem abrir um caminho mais suave para os bancos do que se eles dependerem da aprovação de legislação revisando o índice de alavancagem por um Congresso dividido. O Departamento do Tesouro também tentou se envolver, sugerindo, em relatório publicado em junho, diminuir parte das exigências impostas a Wall Street ? por exemplo, permitindo que os bancos excluam alguns ativos dos cálculos do índice de alavancagem, como o dinheiro depositado junto ao Fed.

Regras de capital complexas geralmente precisam ser aprovadas por Fed, FDIC e OCC. O OCC afirma estar cooperando nos esforços do Fed, mas a FDIC ainda é liderada por uma pessoa indicada pelo governo Obama, Martin Gruenberg, que já declarou que mudanças nas regras de capital enfraqueceriam o setor.

Alerta de Gruenberg

Em discurso em novembro, Gruenberg alertou que "as sementes das crises bancárias são plantadas pelas decisões tomadas pelos bancos e pelos que fazem regras para os bancos quando eles têm máxima confiança de que o horizonte está claro."

A oposição dele provavelmente será apenas um impedimento temporário, já que ele está de partida. A advogada de bancos Jelena McWilliams terá uma audiência no Senado na semana que vem para confirmar sua indicação à presidência da FDIC.