Shiller e Stiglitz alertam contra complacência em Davos
(Bloomberg) -- Se a situação da economia global parece boa demais para ser verdade, provavelmente ela é.
É o que dizem alguns dos investidores, prêmios Nobel e acadêmicos que participam da reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que começa nesta segunda-feira.
O crescimento global mais acelerado desde o início da década e as fortes projeções para os lucros corporativos parecem estar criando condições quase perfeitas para muitos investidores, e o otimismo dos compradores de ações atingiu o patamar mais alto em oito anos. As ações em todo o mundo já aumentaram cerca de US$ 3,4 trilhões em 2018, com ganhos contínuos, embora os principais indicadores mostrem sinais de excesso de compras. O bitcoin está em uma montanha-russa.
"Historicamente, o mercado de ações tende a afetar o clima em Davos", disse o vice-presidente da BlackRock, Philipp Hildebrand, que estará entre os 3.000 visitantes do resort de esqui alpino. "Então, se as coisas continuarem como estão, imagino que o clima será bom."
A questão é: será que as coisas podem continuar como estão? Nem todos em Davos têm essa certeza.
"Estamos complacentes neste momento", disse Robert Shiller, prêmio Nobel da Universidade de Yale, cuja pesquisa cobre o aumento e a queda de preço dos ativos. Ele chegou a dizer que existem paralelos potenciais entre hoje e 1929, quando uma queda das ações ajudou a desencadear a Grande Depressão.
Uma correção "provavelmente não seria tão ruim quanto a de 1929, mas poderia ser perturbadora", disse Shiller em uma entrevista.
Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard, está mais otimista e argumenta que a "influência da crise financeira" finalmente está desaparecendo, então "o crescimento vai continuar tendo um desempenho superior". O Fundo Monetário Internacional utilizará Davos nesta segunda-feira como palco para atualizar suas perspectivas econômicas.
A seguir, de acordo com algumas das pessoas que estarão em Davos, possíveis ameaças para a perspectiva atual.
CHINA
A segunda maior economia do mundo surpreendeu positivamente em 2017, mas começa a mostrar novos sinais de que está esfriando. Um plano para reduzir o risco no sistema financeiro diminuiu o crescimento do crédito, mas a dívida do país, equivalente a cerca de 264 por cento do produto interno bruto em 2017, continua sendo uma preocupação.
DÍVIDA GLOBAL
Não é só a China. A dívida global subiu para um recorde de US$ 233 trilhões no terceiro trimestre de 2017, um aumento de mais de US$ 16 trilhões em comparação com o final de 2016, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais. A dívida privada, excetuando o setor financeiro, atingiu picos históricos no Canadá, na França, em Hong Kong, na Coreia do Sul, na Suíça e na Turquia.
PROTECIONISMO
As questões comerciais que não foram deflagradas no ano passado poderiam irromper em 2018. O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou acabar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio e com um pacto com a Coreia do Sul. Os EUA também investigam acusações de que a China rouba know-how americano, e Trump alerta que poderia aplicar tarifas sobre produtos chineses, especialmente o aço.
TRUMP
Trump faz sua estreia em Davos neste ano, dias depois de comentários contra países africanos e o Reino Unido. Ele ainda pretende proibir viajantes de países predominantemente muçulmanos, construir um muro ao longo da fronteira com o México e assumiu uma abordagem agressiva em relação à Coreia do Norte.
"O risco político mais significativo é os EUA", disse o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia. "A incerteza é ruim para a economia global."
--Com a colaboração de Jeanna Smialek Catherine Bosley Vonnie Quinn Adrian Leung e Dani Burger
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